Ana Maria Duarte Guerra, nasceu em Lisboa e morou em Alfama até aos dezanove anos. Desde sempre que se lembra que gosta de Fado, decerto influenciada pela mãe e a avó que gostavam muito de ouvir Fado. Sempre apreciou a música tradicional portuguesa ou de inspiração popular, ouvinte e admiradora de Sérgio Godinho, Fausto, José Afonso, etc., no Fado também cantarolava alguns poemas que lhe agradavam, mas achava que não tinha jeito para o interpretar, embora os amigos já lhe dissessem o contrário. Cantava apenas no coro da igreja, o que me deu alguma experiência, mas não era nada sério. O seu gosto pela música, levou-a a aprender a tocar viola, o que lhe proporcionou tocar e cantar com a “malta” de Alfama, nas tertúlias e nos encontros com os colegas da universidade, pois é formada em Línguas e Literaturas Modernas (Português/ Francês). Actualmente é professora de Língua Portuguesa, Expressão Dramática e afins. Já como docente passou a integrar um coro de professores “Flama Vocis” dirigido pelo Dr. Vitor Reino, é psicólogo e trabalha na área do ensino especial. Certo dia, num convívio, o maestro Dr. Vitor Reino, que também é um apaixonado do Fado, tem vários poemas e músicas de sua autoria, ao ouvi-la cantar um fado, afirmou-lhe que ela era fadista. Passaram a falar muito de fado e logo nasceu a ideia de fazerem um trabalho para editarem em CD: ela dá a voz e a interpretação, ele as músicas e as letras, começando desde logo a ensaiar regularmente. Foi convidada para gravar os "romances" do Dr. José Sardinha que contava com a colaboração do Vitor Reino na parte musical do livro “ As origens do Fado”. Retoma o projecto do CD “Maria das Quimeras” e assim no final de 2008 este foi editado pela Tradissom. Como se sabe quem aparece de novo, sem grandes apoios, tem problemas com a distribuição/divulgação, o que dificultou a divulgação do CD. Mas Ana Guerra não é mulher de baixar os braços e com o apoio da Câmara Municipal do Seixal, fez uma primeira apresentação do seu trabalho aos amigos no auditório municipal. Não foi atingida pelo vírus da ambição nem do deslumbramento, reconhece as limitações inerentes (se quisesse) a quem quer apostar numa carreira nesta área, pelo que assume que gosta de cantar e de ajudar à compreensão do Fado, enquanto fenómeno cultural e artístico. Interroga-se: “Será isto uma espécie de missão? Tenho ainda tanto que aprender...” Começou a “vadiar” e ouvir Fado por aí, sobretudo no Bairro Alto e Alfama, sempre em ambientes acessíveis, junto e para o povo de que faz parte. Houve um período em que ia muito à Tasca do Chico e num ápice estava a "fadistar" em colectividades, lares e a ser convidada para cantar em restaurantes e festas particulares, embora de forma pontual e assumindo sempre uma postura humilde, de alguém que gostava e queria aprender mais sobre o Fado. Fez deste percurso um balanço positivo, frisando que, todos ganhamos mais quando honramos o FADO e o damos a conhecer quer na sua vertente tradicional, quer na vertente mais inovadora (temas e melodias), sem nunca perdermos de vista o respeito pela sua essência e pelo seu espírito.