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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 10 de Março de 2012

AQUILINO RIBEIRO- 10º Cidadão a ser trasladado para o Panteão Nacional.

Aquilino Ribeiro morre no dia 27 de Maio de 1963, que era também o ano em que se comemorava o cinquentenário da sua vida, de escritor e homem público. Nessa mesma hora a Censura comunicava aos jornais não ser mais permitido falar das homenagens que lhe estavam a ser prestadas.
Alguém inquiriu António de Oliveira Salazar, sobre a figura de Aquilino Ribeiro, a que este respondeu:
— É um inimigo do Regime. Dir-lhe-á mal de mim; mas não importa: é um grande escritor.
 
AQUILINO RIBEIRO (1885-1963)
É considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX., mantendo uma qualidade literária na maioria dos seus textos, publicados com regularidade e êxito junto do público e da crítica.

Aquilino Gomes Ribeiro nasce em 1885 no Carregal, concelho de Sernancelhe.

 Entre 1895 e 1904, faz os seus estudos, chegando por desejo da mãe a frequentar um Seminário em Beja, mas abandona os estudos pois não se sente vocacionado para o sacerdócio. Regressa a Soutosa, mas o gosto pela escrita é latente e sente que tem que buscar novos horizontes, partindo para Lisboa, corria o ano de 1906.

Adere ao movimento republicano e passa a colaborar no jornal republicano “A Vanguarda”.

Em 1907, é o ano em se inicia a sua obra, em parceria com José Ferreira da Silva escrevendo “A Filha do Jardineiro”. Trata-se de uma obra de ficção, mas de propaganda republicana e de crítica às figuras do regime. Neste mesmo ano adere à maçonaria entrando para a Loja Montanha do Grande Oriente Lusitano, a convite de Luz de Almeida, tendo sido passado pouco tempo  preso como anarquista,  na sequência de uma explosão no seu quarto,  na qual morre um carbonário.

Em Janeiro do ano seguinte, evade-se da prisão e passa à clandestinidade, mantendo os contactos com os regicidas, refugiando-se numa casa pertencente  a Meira e Sousa, na Rua Nova do Almada, em frente ao Tribunal da Boa Hora.

Em 1910  está em França a estudar na Faculdade de Letras da Sorbonne. Em Paris conhece Grete Tiedemann, por quem se apaixona.

Reside alguns meses na Alemanha, e em 1913 casa com Grete Tiedemann e regressa novamente a Paris. E é neste ano que publica o livro de contos “Jardim das Tormentas”.

Em 1914, nasce o seu primeiro  filho, Aníbal Aquilino Fritz,  regressando a Portugal, sem ter terminado a licenciatura,  conseguindo em Lisboa, colocação como professor no Liceu Camões, onde se manterá durante três anos.

Em 1918, Aquilino publica o romance “A Via Sinuosa”.

A convite de Raul Proença em 1919, entra para a Biblioteca Nacional de Portugal, e passa a conviver com o chamado “grupo da Biblioteca” onde pontificam Jaime Cortesão e Raul Proença. É ainda em 1919 que publica “Terras do Demo”.

É na Biblioteca Nacional que Aquilino Ribeiro é procurado por pessoas das suas relações para lhe mostrarem uma Acta do Regicídio.

Faz parte da direcção da revista Seara Nova, revista de cariz cultural, sendo um veículo de debate político.

Em 1922, publica O Malhadinhas integrado no livro Estrada de Santiago.

Andam Faunos pelos Bosques é publicado em 1926.

Entra na revolta de 7 de Fevereiro de 1927, em Lisboa, cujo desfecho o leva exilar-se em Paris. Entretanto morre sua mulher e  ainda nesse ano regressa a Portugal, clandestinamente.

Logo em 1928, entra na revolta de Pinhel, e é encarcerado no presídio de Fontelo (Viseu), conseguindo novamente evadir-se, e mais uma vez volta a Paris.

Em 1929 ainda em Paris, casa-se com  Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado. Entretanto em Lisboa é julgado à revelia em Tribunal Militar, e condenado.

Em 1930, nasce o seu segundo filho, Aquilino Ribeiro Machado, e publica O Homem que Matou o Diabo.

Em 1931 , vai viver para a Galiza, mas logo no ano seguinte volta a Portugal clandestinamente e fixa residência na Cruz Quebrada. Edita A Batalha Sem Fim. Neste mesmo ano (1932) é-lhe atribuído o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa, pelo seu livro As Três Mulheres de Sansão.

Em 1933 edita Maria Benigna.

A Academia das Ciências de Lisboa, em 1935 elege-o sócio correspondente.

Em 1936 edita Aventura Maravilhosa, e no ano seguinte S. Bonaboião, Anacoreta e Mártir. Em 1939 é a vez de editar o livro Mónica, em 1941, O Servo de Deus e a Casa Roubada., em 1943, Volfrâmio, em 1945 Lápides Partidas, em 1946 Aldeia, Terra, Gente e Bichos, em 1947, Caminhos Errados, e O Arcanjo Negro, em 1948, Cinco Réis de Gente, e em 1951 Geografia Sentimental.

1952 - Faz uma viagem ao Brasil onde é homenageado por escritores e artistas, na Academia Brasileira de Letras.

1956 - É fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.

1957 - Publica A Casa Grande de Romarigães.

1958 - Publica Quando os Lobos Uivam. É nomeado sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa. É militante activo na candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República.

Em 1959, é publicado O Romance da Raposa,  e em 1960 é proposto para o Prémio Nobel da Literatura por Francisco Vieira de Almeida, proposta subscrita por José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, José Gomes Ferreira, Maria Judite de Carvalho, Mário Soares, Vitorino Nemésio, Abel Manta, Alves Redol, Luísa Dacosta, e Vergílio Ferreira, entre muitos outros. Segundo alguns círculos monárquicos, Sofia Mello Breyner, cuja família possuiria documentação sobre o regicídio, teria dito que não foi considerado elegível porque «a sociedade não dá prémios Nobel a assassinos». (esta afirmação carece de confirmação por fonte fidedigna)

Em 1962, nasce-lhe a primeira neta, Mariana, a quem dedica O Livro da Marianinha.

Em 1963 é homenageado em várias cidades do país por ocasião dos cinquenta anos de vida literária, e publica A Casa do Escorpião.

Por ironia do destino morre no dia 27 de Maio deste mesmo ano em que se comemorava o seu Cinquentenário de Escritor e Figura Pública.

1972 - É publicado o livro de memórias “Um Escritor Confessa-se”, em que José Gomes Ferreira no prefácio escreve, Aquilino sabe mentir a verdade.

2007 - A Assembleia da República decide homenagear a sua memória e conceder aos seus restos mortais as honras de Panteão Nacional. A transladação será levada a efeito dia 19 de Setembro de 2007.

 Fonte: Várias na Net sendo a metodologia de intercalar as "fontes" de acordo com meu critério.

 
Eis um excerto de uma obra sua que muito tem a ver com Lisboa.
«(…) Eu via com os olhos não pasmados, que nunca soube o que era pasmo, mas abertos à compreensão, as grandes e amarelas tartarugas dos carros eléctricos vir rolando dos lados do Terreiro do Paço, tilintantes e pletóricas de gente. Logo após vinha o carro do Chora, com o automedonte de longos bigodes retorcidos a reger de chicote vivaz o tiro de três machos pimpões, o condutor de boné de pala, e atropeladamente naquela arca de Noé de peixeiras, vendedeiras de hortaliça e de coelhos mansos, operários com suas ferramentas, em suma, segundo o termo das Ordenações Manuelinas, os misquinhos de uma capital. (…) Todavia não pressenti o sumptuoso, nem o deliquescente de uma urbe meridional, de que os poetas e romancistas faziam cavalo de batalha nas suas especulações cantarizadas. Antes havia nela, nos habitantes, no céu, nas coisas, uma sobriedade afável que era grata de sentir. E por isto tudo, por essa desilusão literária, e porque representava para mim um degrau montante na escala dos conhecimentos, fiquei a adorar Lisboa desde esse dia.»
In: Aquilino Ribeiro, Um Escritor Confessa-se, cap. II, págs. 51-52, ed. Livraria Bertrand, Lisboa, 1972.  
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publicado por Vítor Marceneiro às 18:00
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