A Câmara Municipal de Samora Correia coadjuvada pelo neto do poeta, Victor Conde, e com a colaboração de diversos fadistas homenageia o grande Poeta Popular Carlos Conde no dia 23 de Novembro de 2018 (Ver Cartazes).
Victor Conde também é poeta, canta fado e é músico.
Víctor Duarte Marceneiro fala de Carlos Conde divulgando o evento
Vítor Duarte Marceneiro, diz o poema "Janela da Vida" da autoria de Carlos Conde, com fundo musical da Fado Viela de Alfredo Marceneiro. Foi gravado em 1994 no 1º aniversário da SIC.
Este poema foi feiro para o repertório de Alfredo Marceneiro em 1926, mas foi proibido pela censura.
"JANELA DA VIDA"
Letra de: Carlos Conde
Música: Marcha de Alfredo Marceneiro
FADO DE ESPERAÇA E FÉ, Carlos Conde também era um poeta de esperança, virado para o futuro.
Carlos Conde (Trineto de Carlos Conde Beatriz Duarte e Alfredo Duarte (Bisnetos Marceneiro)
Oh! Desventura, Oh! Saudade
Causas da minha inconstância
Dai-me pedaços de infância
Retalhos de mocidade
Dai-me a doce claridade
Roubando-a ao tempo atroz
Eu queria ter a minha voz
Para cantar o meu passado
E é tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós
Alfredo Marceneiro canta
É TÃO BOM SER PEQUENINO
Letra de Carlos Conde
Música Popular
Vítor Duarte Marceneiro
Canta: Bairros de Lisboa
Letra de Carlos Conde
Música: Fado Pajem de Alfredo Marceneiro
Desde há muitos, muitos anos os fadistas faziam palestras, tendo por motivo de inspiração, a nossa querida Lisboa,
Eram homens de carácter, com um só desejo, amar Lisboa, sem problemas de competitividade entre si, era como se todos fossem um só... Lisboa uma só...com os seus amantes unidos num só objectivo...amá-la e adulá-la escrevendo sobre ela.
Cada vez se recolhe mais provas, que Lisboa é bem a cidade mais cantada do mundo, já está para breve o que eu e muitos dos amantes de Lisboa, do Fado e da poesia em geral, ansiamos, colocar Lisboa no Guiness Book de Records.
3ª foto - lado esquerdo Miradouro Senhora do Monte
4ª foto - lado direito Alto de Santa Catarina
5ª foto - lado esquerdo Miradouro de Santa Luzia
6ª foto - lado direito Sé de Lisboa
7ª foto - lado esquerdo Menino ao colo
8ª foto - lado direito Lisboa vista do Castelo
9ª foto - lado direito Miradouro da Graça
10ª foto - lado direito Castelo de S. Jorge (vistas de parte da cidade)
11ª foto - lado direito o Castelo de S. Jorge
12ª foto - lado esquerdo Elevador de Santa Justa
13ª foto - lado direito Terreiro do Paço
Esta página foi escrita e publicada neste blogue a 26 de Maio de 2007, e não teve qualquer constetação!?
A 14 de Novembro de 2001 foi dada a uma rua de Lisboa no bairro de Campolide.
Aqui está a foto da placa e um artigo de Appio SottoMayor publicado no Jornal "A Capital", em que refere a "particularidade do epíteto Poeta Popular"
País de poetas é expessão já cansada do uso para definir Portugal. E, no entanto, continua verdadeira como no dia da sua invenção. Parece, porém, que na Poesia como em tudo o mais na vida, se formam classes: há uns tantos servidores das musas já tidos como académicos; há alguns (raríssimos) cujas novas produções são garantia de rápido desaparecimento dos escaparates; há uma multidão que vai esgotando sentimentos em edições de autor...
E há depois aqueles que, aparentemente sem escola e não se arrogando de angústias universais, vão compondo alo longo da vida com a facilidade de quem respira, encontrando rimas, ritmos e imagens como se tal faculdade lhes viesse de graça logo no berço. Chamam-lhes Poetas Populares. Metem a dor, a alegria, a raiva, o ciúme, o desejo, a bondade e a morte em meia dúzia de versos e passam a mensagem como se fosse dever natural. Todo um tratado de filosofia do comportamento pode, para eles, caber em poucas palavras.
Trabalho é letra vencida
Que o suor já pagou bem.
Quem trabalha toda a vida
Não deve nada a ninguém.
Carlos Conde, autor da quadra transcrita, escreveu versos em grande parte da sua vida e tornou-se conhecido porque as suas letras foram musicadas e depois cantadas por gente grande do fado. De Amália a Marceneiro, de Hermínia a Fernanda Maria, quantos fadistas interpretaram as palavras deste homem que sabia transmitir emoções.
Lisboa e o Fado têm tido a sorte de encontrar quem os sirva desta forma, eivada de simplicidade mas eminentemente artística. E, querendo ter boa memória, a cidade hoenageia o poeta, em vésperas do seu centenário, com um gesto singelo: dá hoje o seu nome a uma rua.
Carlos Conde, nascido em 1901 no Concelho da Murtosa em Aveiro e filho de pescadores, muito cedo teve de procurar melhor sorte e partiu para a então cidade dos sonhos, Lisboa!
Chegado à capital, o seu fascínio pelo Fado e o acolhimento no meio fadista, deverão ter despertado o talento nato do poeta, para a concretização da maravilhosa obra que nos legou e que hoje recordamos com saudade e emoção!
É um facto, que a grande paixão de Carlos Conde foi o Fado, mas não nos podemos esquecer das lindas cegadas, um género de teatro de rua, que faziam as delícias de multidões por alturas do Carnaval.
Não devemos apagar da memória, os célebres motes e quatro décimas com que o poeta descreveu os típicos Bairros de Lisboa, onde ainda hoje, podemos apreciar muitos detalhes que têm resistido aos malefícios do tempo e à desenfreada evolução.
Carlos Conde, foi dos melhores poetas, senão mesmo o melhor, a descrever com tal exactidão, pormenor e sentimento, os hábitos e costumes das gentes desses lindos bairros, que ao lermos a sua obra, somos, quase que por magia, transportados para a época e para os locais descritos.
Isto, para não falarmos nas deliciosas quadras, que correram Portugal inteiro, vencendo concursos de Norte a Sul e espalhando o talento do poeta, pelas almas sedentas, de palavras harmoniosas e verdadeiras.
Mas, como já afirmei, foi de facto no Fado que Carlos Conde se notabilizou, autor de centenas de letras:
( A mulher que já foi tua, Sótão da Amendoeira, Marquês de Linda-a-Velha, Feira da Ladra, Bairros de Lisboa, Revista de Fados, Não passes com ela à minha rua, Trem desmantelado, etc, etc.)
e para sempre imortalizadas nas vozes de: Amália, Argentina Santos, Maria da Fé, Carlos do Carmo, Fernando Maurício, Fernanda Maria, os Marceneiros (Pai, filho e neto), Lucília do Carmo, Ercília Costa, Ada de Castro, Rodrigo, João Ferreira Rosa, Gabino Ferreira, Raul Pereira, Adelina Ramos, Maria Amélia Proença e tantos outros.
Carlos Conde deixou de escrever para nós dia 12 de Julho de 1981, levando consigo as mais douradas décadas de fado.
Apesar da saudade latente, de um homem humilde e sincero, gravada para sempre em nossos corações, o que mais nos deve angustiar, é o facto de só após todos estes anos, compreendermos a dimensão do vazio deixado pelo homem que mais escreveu para o fado e só por isso a sua chama será eterna.
O reconhecimento por parte da Câmara Municipal de Lisboa, ao atribuir o seu nome a uma das artérias da cidade, vem repor justiça, à memória de um homem que tanto amou Lisboa.
Obrigado Carlos Conde!
http://carlosconde.com.sapo.pt/
Paulo Conde, 25 de Maio de 2007
Vitor Duarte e Paulo Conde
Paulo Conde é bisneto de Carlos Conde, é o autor da sua monobiografia “FADO – Vida e Obra do Poeta Carlos Conde”. Escreve o autor na contracapa do seu livro:
Quando decidi eternizar em livro a vida e obra do poeta Carlos Conde, moveu-me para além do sangue e impulsos de descendência, uma vontade expressa de tributar o Fado.
Nutro pelo Paulo uma amizade e carinho, que nasceu no momento em que nos conhecemos, honra-me saber que o sentimento é recíproco, a nossa troca de “cartões” como se pode verificar na foto abaixo, foi a troca das nossas obras de que muito nos orgulhamos.
Obrigado Paulo Conde pelo documento que deixaste para a história do Fado e desse grande poeta entre os poetas, Carlos Conde teu bisavô.
Vitor Duarte Marceneiro 26-05-2007
Alma fadista
Conheço o Vítor Duarte destas andanças de homenagear o fado, é algo que nos está no sangue e como temos amizades cruzadas por consagrados ascendentes do meio fadista, não degenerámos. Prova disso é o notável trabalho (e se não conhecesse o Vítor pessoalmente, diria que era um génio) de colocar Lisboa no Guiness. Lisboa a cidade mais cantada do mundo, vai concerteza encher de orgulho o povo lusitano, porque nisto de reconhecimentos fora de portas há que deixar regionalismos de parte.
Deixo aqui um abraço de carinho e admiração ao Vítor, para quem o fado é uma forma de vida, sem aprumos de circunstância nem vaidades mascaradas, mas simplesmente um acto natural e reflexo como o pulsar do coração.
Paulo Conde - Bisneto 25-05-07
Carlos Conde é um dos poetas com mais poemas sobre Lisboa:
FLORES DE LISBOA
Letra de Carlos Conde
Música de: Túlio Pereira
Sempre a rir, sempre a cantar
Esta Lisboa bonita
Beija quem a sabe amar
E abraça quem a visita
Lisboa não se afadiga
De cantar a vida inteira
Tem p´ra tudo uma cantiga
A Cidade Cantadeira
A quem visita
Esta Lisboa
Terra que o mundo prende em fortes laços
Os nossos beijos
Com os desejos
A que voltam de novo a nossos braços
O meu país
P´ra ver feliz
Quem nos rende amizade fraternal,
Concede flores
De vivas cores
Colhidas nos jardins de Portugal!
Lisboa deita-se tarde
E tão bem o fado entoa
Que nunca falta quem guarde
Uma nesga de Lisboa!
Canta e sente um bem profundo
Pois é feliz e contente
A cantar p´ra todo o mundo
E a sorrir para toda a gente
Vítor Duarte Marceneiro canta: Bairros de Lisboa
Carlos Conde também era um poeta de esperança, de fé no futuro.
Carlos Conde (Trineto de Carlos Conde
Beatriz Duarte e Alfredo Duarte (Bisnetos Marceneiro)
Oh! Desventura, Oh! Saudade
Causas da minha inconstância
Dai-me pedaços de infância
Retalhos de mocidade
Dai-me a doce claridade
Roubando-a ao tempo atroz
Eu queria ter a minha voz
Para cantar o meu passado
E é tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós
Alfredo Marceneiro canta
È Tão bom Ser Pequenino
Carlos Conde tinha uma visão muito profunda das injustiças sociais, foi dos poetas de fado com mais poemas censurados.
Alfredo Marceneiro fala de Carlos Conde
"JANELA DA VIDA"
Letra de: Carlos Conde
Música: Alfredo Marceneiro
Para ver quanta fé perdida
E quanta miséria sem par
Há neste orbe, atroz ruim
Pus-me à janela da vida
E alonguei o meu olhar
P´lo vasto Mundo sem fim.
Pus todo o meu sentimento
Na mágoa que não se aparta
Do que mais nos desconsola;
E assim a cada momento
Vi buçais comendo à farta
E génios pedindo esmola!
Vi muitas vezes a razão
Por muitos posta de rastos
E a mentira em viva chama;
Até por triste irrisão
Vi nulidades nos astros
E vi ciências na lama!...
Vi dar aos ladrões valores
E sentimentos perdidos
Nas que passam por honradas
Vi cinismos vencedores
Muitos heróis esquecidos
E vaidades medalhadas
Vi no torpor mais imundo
Profundas crenças caindo
E maldições ascendendo
Tudo vi neste Mundo
Vi miseráveis subindo
Homens honrados descendem
Por isso afirmo com siso
Que p´ra na vida ter sorte
Não basta a fé decidida
P´ra ser feliz é preciso
Ser canalha até à morte
Ou não pensar mais na vida.
Vítor duarte Marceneiro
Diz o poema Janela da Vida
FOI ESCRITO NOS ANOS TRINTA DO SÉCULO XX, SE AFIRMÁSSE-MOS QUE TINHA SIDO ESCRITO AGORA...
DIRIA-MOS DECERTO... BEM OBSERVADO
"JANELA DA VIDA"
Letra de:Carlos Conde
Música: Marcha de Alfredo Marceneiro
Para ver quanta fé perdida
E quanta miséria sem par
Há neste orbe, atroz ruim
Pus-me à janela da vida
E alonguei o meu olhar
P´lo vasto Mundo sem fim.
Pus todo o meu sentimento
Na mágoa que não se aparta
Do que mais nos desconsola;
E assim a cada momento
Vi buçais comendo à farta
E génios pedindo esmola!
Vi muitas vezes a razão
Por muitos posta de rastos
E a mentira em viva chama;
Até por triste irrisão
Vi nulidades nos astros
E vi ciências na lama!...
Vi dar aos ladrões valores
E sentimentos perdidos
Nas que passam por honradas
Vi cinismos vencedores
Muitos heróis esquecidos
E vaidades medalhadas
Vi no torpor mais imundo
Profundas crenças caindo
E maldições ascendendo
Tudo vi neste Mundo
Vi miseráveis subindo
Homens honrados descendo
Esse é rico, e não tem filhos
Que os filhos não dão prazer
A certa gente de bem
Aquele tem duros trilhos
Mas é capaz de morrer
P´los filhinhos que tem
Esta é rica em frases ledas
Diz-se a mais casta donzela
Mas a honra onde ela vai
Aquela não veste sedas
Mas os garotitos dela
São filhos do mesmo pai
Por isso afirmo com ciso
Que p´ra na vida ter sorte
Não basta a fé decidida
P´ra ser feliz é preciso
Ser canalha até à morte
Ou não pensar mais na vida.
Poema Janela da Vida de Carlos Conde
Escrito nos anos 20 do século passado... quem diria! até hoje é actual
O FADO ESTÁ DOENTE
Repertório de Gabino Ferreira
Letra de Carlos Conde
Música de: Gabino Ferreira
O fado está doente, adoeceu o fado!
Quando hoje o visitei quedei-me em sobressalto
Ao vê-lo triste e só, com a guitarra ao lado
Numa casa qualquer ali do Bairro Alto!
É triste a sua dor, profundo o seu abalo,
Saudoso do seu tempo alegre de conquistas!
O fado está doente, é preciso salvá-lo
Com o gosto do povo e a alma dos fadistas!
Está muito abatido. Eu nem o conhecia!
Ele, o Imperador ali da Madragoa,
O Príncipe de Alfama, o Rei da Mouraria
E acima de tudo o Senhor de Lisboa!
Fadistagem de garra, altiva e bem unida:
Se o fado é muito nosso, é grande, é imortal,
Nós temos o dever de lutar pela vida
Da mais bela canção que existe em Portugal!
De uma entrevista que o Poeta deu em 20 de Abril de 1967.
Como poderão verificar, e não querendo de forma alguma desvalorizar ninguém, mas acho que se isto fosse dito hoje 40 anos passados, nem uma vírgula seria necessário acrescentar.
Há hoje alguns novos interpretes de Fado, que ascenderam com rapidez fulgurante ao cume da popularidade... Porque será?
Carlos Conde: — A popularidade deve surgir naturalmente, por mérito próprio, e não por habilidades que todos nós conhecemos. A aura de verdadeiro artista deve conquistar-se pelo seu valor, pela sua arte, pelo seu talento e não por outros meios a que não é estranha uma certa forma de conluios (1) e propagandas fáceis que, por vezes à força da insistência, chegam a comprometer e até a enganar os que julgam que a subida ( 2 )não custa.
(1) Hoje são "lobbies"
(2) A séria e honesta sem sofismas, custa e muito.
O Fado é devedor a alguém da sua popularidade?
Carlos Conde:—O Fado não deve nada a ninguém; todos os autores e compositores; todos os tocadores e cantadores; todos os empresários e aficcionados é que devem ao Fado, o Fado é credor.
Como define o Fado de hoje?
Carlos Conde: — O Fado alcançou um lugar de dignidade,. Mudar-lhe o ritmo é deturpar-lhe o sentido. O Fado não pode sair do seu ambiente ainda que, por vezes, rodeado de cenários discutíveis e caricaturas exageradas.
O que é preciso acima de tudo, é que o Fado seja realmente Fado.
E os repertórios?
Carlos Conde — Antigamente cada artista tinha o seu repertório, nós os poetas a maioria das vezes já calculavamos para quem eram os poemas que faziamos. Hoje há bons poetas, mas pouco cantados, toda a gente canta a measma coisa que já tenha obtido êxito fosse por quem fosse.
E a música?
Carlos Conde — Tal com diz o Marceneiro, hoje toca-se muito bem, mas acompanha-se muito mal, há mais música, menos fado.
Já tenho perguntado a mim próprio, se depois de Marceneiro alguém mais criou algum fado tradicional/clássico, daqueles apanhados pelos guitarristas ao estilo que o fadista dava ao cantar, e que tenha vindo a ser um clássico, como são todos os dele... parece-me que não, e mesmo esses querem modernizá-los!
Acha que o fado está doente?
Carlos Conde —Os grandes admiradores estudiosos do Fado são unânimes em afirmar que o fado (o genuíno) está doente, que morre aos poucos.
Os modernos «fadistas» elevados à «alta categoria » de cançonetistas famosos, empertigados no seu «alto prestígio» de vedetas de nomeada, afirmam que eles é salvarão o Fado, que é a eles que se deve a sua projeccção internacional! A ver vamos no futuro.