Hestória(s) do Fado
Alguns dizem que o Fado é uma alegria melancólica, enquanto outros dizem que é a dor cantada através de uma linguagem universal que atravessa a barreira da língua transportando a todo o lado a emoção da música. Outros ainda há que, a cantar, dizem que o Fado são almas vencidas, noites perdidas, sombras bizarras, … amor ciúme, cinzas e lume, dor e pecado… e tudo existe e tudo isto é Fado. Para nós, e desde que em criança o ouvíamos fosse numa casa de fados ou numa cozinha portuguesa, o Fado é algo coberto por uma reverência quase sagrada que nos levava a aceitar prontamente e com inabalável respeito a ordem de “silêncio que se vai cantar o Fado!” ditada por um qualquer arauto que em qualquer outra situação não colheria um décimo do respeito.
Mas… talvez uma boa aproximação àquilo que parece ser o Fado seja feita contando aquilo que nos parece que o Fado foi. A história do Fado, assim como a própria música, é feita de estórias mais ou menos populares, bucólicas, de um sentimentalismo muito próprio, e com uma propensão para evitar finais felizes em detrimento de um caminho de agruras que, talvez por isso, torna mais belo o belo Fado.
Em tempos de “reconhecimento oficial” e internacional, o Cineclube Aurélio da Paz dos Reis associa-se às várias homenagens que 2012 certamente fará ao Fado, dedicando-lhe um ciclo anual, um ciclo que pretende contar o Fado. Ao longo de todo o ano de 2012, fazendo uso da primeira sexta-feira de cada mês e dos olhos privilegiados do cinema português, o Cineclube de Braga tentará desenrolar as estórias de uma música que se confunde com a história de um país. [Carlos Silva, Cineclube Aurélio da Paz dos Reis]
Alfredo Marceneiro – Três Gerações de Fado
sinopse
Alfredo Marceneiro, que sempre foi relutante a dar a cara para a TV, acede em 1979 às solicitações do seu neto Vítor Duarte, à altura profissional de audiovisuais, para produzir este documentário a cores, que foi exibido em 1980, uma única vez. Um documento em que Alfredo Marceneiro com a sua forma única de se expressar, rodeado pelos seus descendentes, nos explica os seus estilos, as suas criações, o seu Fado. As filmagens decorreram em ambiente de tertúlia com Alfredo Marceneiro que lembra que foi "o primeiro a catar à meia-luz".
Entre Há festa na Mouraria (António Amargo / A.Marceneiro) e Cabelo Branco (H.Rêgo / A.Marceneiro), Ti’Alfredo, como era tratado carinhosamente pelos fadistas, recorda as suas participações nas cegadas e salienta a importância de bem dizer as palavras e respeitar a pontuação. Quanto à forma de cantar, Marceneiro atesta que "cada qual canta à sua maneira e nisso é que está a evidência do fadista". Alfredo Marceneiro revela-nos as suas raízes musicais, o avô materno fadista e tocador no Cadaval, e o pai, tocador de trombone e contrabaixo.
A sessão contará com a presença de um convidado especial. Vítor Duarte Marceneiro, produtor do filme, neto e biógrafo de Alfredo Marceneiro, investigador e divulgador do Fado, ficará connosco à conversa no final da projecção e trará com ele um manancial de objectos e materiais divulgadores do Fado e dos seus intervenientes. Depois de Jorge Moças nos ter acompanhado na conversa em torno da figura da Severa, teremos agora acesso a uma perspectiva muito intíma do neto do aclamado Patriarca do Fado.
ficha técnica
Realizou e montou: Luis Gaspar
Escreveu os textos: Fernando Peres
Gravou: Vítor Duarte
Filmaram: Carlos Gaspar, Leonel Efe
Produção: Vítor Duarte / RTP
Género: Documentário
Duração: 62’20 / cor / M12
Formato: 4:3
Som: Mono
Idioma original: Português Ano de lançamento: 1980
mais informações
Programação do auditório da Casa do Professor: João Catalão
Programação do ciclo: Cineclube Aurélio da Paz dos Reis
Equipa do Cineclube Aurélio da Paz dos Reis:
César Pedro
Programação / Apoio Técnico: Miguel Ramos
Programação: Joana Dias
Programação / Apoio Jurídico: Henrique Cachetas
Produção / Apoio Técnico: Carlos Silva
Produção / Divulgação: Maria João Macedo
Design / Comunicação: João Quintas
Apoio Fiscal Tiago Rito: Sócio Honorário