Saúdo os músicos de todo o sempre...Como seria o Mundo se não houvesse música...
Para homenagear este dia, tenho o prazer de apresentar novamente um vídeo clipe do meu querido amigo Maestro Rui Serôdio, interpretando o Fado Cravo (ou Viela) ao piano, como sabem do meu saudoso avô ALFREDO MARCENEIRO
No dia 20 de Setembro fiz uma página sobre a história deste Fado, e lamentei não ter o original cantado pelo meu avô, mas o meu amigo Fernando Pedroso tinha esta preciosidade nos seu arquivos, que tinha captado num programa de RDP.
É retirado de um disco de massa dos anos 40, pelo que a qualidade sonora não é a mais perfeita, é interessante verificar ainda, que os versos também foram encurtados, já tinha começado a exigência das editoras, que não queriam que os Fados tivessem mais de 3 minutos.
Alfredo Marceneiro
canta Fado Cravo
Aproveito também este dia para esclarecer umas dúvidas que sei têm alguns investigadores (embora nunca o discutissem comigo), sobre a origem/história de duas músicas da autoria de meu avô:
O FADO CUF
O FADO MARIA MARQUES
O Fado CUF, foi criado para um poema de Armando Neves, "O Marceneiro" , que ele considerava o seu cartão de visita cantado.
Foi feito em 1937 ou 1938, e Alfredo Marceneiro ainda era funcionário dos estaleiro navais, administrados por Alfredo da Silva (CUF).
Foi Casimiro Ramos o guitarrista que com ele ensaiou o tema e o ajudou simultaneamente no registo.
Praticamente na mesma altura Henrique Rego escreve-lhe o poema "A Minha Freguesia", em que Casimiro Ramos não tem dificuldades em lhe fazer uma música bem ao seu estilo o "Fado Margaridas", que algumas pessoas por vezes pensam que é de Marceneiro.
NOTA: Quer o Fado CUF quer o Margaridas foram feitos nos anos 30, no entanto nos anos sessenta meu avô grava para a Casa Valentim de Cravalho ambos os Fados, só que pela razão que só ele saberia explicar, gravou o CUF no poema A Minha Freguesia, e o Margaridas no poema O Marceneiro.
Quanto ao Fado Maria Marques, o que passo a expor, é a versão real.
Meu avô era um homem discreto, nunca lhe conheci uma namorada (ou amante como se dizia na época), e nem o meu pai ou meu tio alguam vez se referiram a este assunto.
Ora sabemos que Alfredo, era um homem que teve as suas aventuras, em jovem, teve filhos de três mulheres incluindo a minha avó.
Já quarentão decerto que teve as suas paixões, mas nunca se exibiu nem as exibiu. Já eu homem feito, contou-me que teve uma paixão por uma senhora, que morava ali para o Chile. Foi por esta altura que me contou que tinha pedido ao seu compadre Henrique Rego, que lhe fizesse uns versos para dedicar a uma amiga (era um segredo deles), "O TEU VESTIDO AZUL" cantou os versos no seu estilo e nasceu mais um Fado em Versículo, a que deu o nome de Maria Marques ( era o nome da tal senhora, que ninguém conhecia). Como havia uma fadista que se chamava Maria Marques, alguém associou o título a essa pessoa, mas não foi assim, meu avô não tinha nenhuma ligação de amizade, ou outra, com essa fadista, para lhe dedicar um Fado.
Meu avô, deixou de cantar este Fado, mas o meu tio Carlos cantava-o na Cesária e gravou para o Valentim de Carvalho, assim como eu também.
Carlos Duarte
canta O teu Vestido Azul
Vítor Duarte
canta O teu Vestido Azul
Meu pai sabedor da intencionalidade do poema , gostou do mote, mas achou que não o devia cantar, e pede ao Henrique Rego que lhe escreva um poema diferente, visando o mesmo tema vestido/cor, e assim canta e grava "Vestido Azul" versos em quadras de Henrique Rego, mas na musica do Fado Pajem.
Alfredo Duarte Júnior
canta Vestido Azul