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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Segunda-feira, 25 de Maio de 2015

El-Rei D. Carlos I, Rei artista e amante do Fado

Dom Carlos I  de seu nome próprio Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga  Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon  e Sax-Coburgo-Gotha, foi o penúltimo Rei de Portugal.

Nasceu em Lisboa, no Palácio da Ajuda a 28 de Setembro de 1863, era filho do rei Luís I de Portugal e da princesa Maria Pia de Sabóia.

Em 1889 subiu ao trono, que ocuparia até sua morte. Cientista, colaborou em investigações oceanográficas. Pintor, suas obras em aquarela e pastel conquistaram prêmios em competições internacionais, sendo considerado um dos mais fortes intérpretes do mar português, o que lhe valeu um lugar de relevo no Museu de Arte Contemporânea. Em seu reinado normalizaram-se as relações anglo-lusas e reataram-se as luso-brasileiras; pacificaram-se os territórios ultramarinos, desde a Guiné até Timor, tendo sido notáveis, sobretudo, os feitos de armas em Moçambique e Angola, e Portugal reconquistou seu prestígio europeu com as visitas do monarca ao estrangeiro e a vinda ao país de chefes de Estado das maiores potências européias, como Eduardo VII da Inglaterra, em 1903; Afonso XIII de Espanha, em 1903; a rainha Alexandra da Inglaterra; o imperador Guilherme II da Alemanha e Emílio Loubet, presidente da República Francesa, em 1905. A fraqueza dos monárquicos e a ousadia crescente dos republicanos, dispostos a derrubar o trono, provocaram campanhas violentíssimas, que estão na origem de seu assassinato. No atentado morreram Dom Carlos e o príncipe herdeiro, Dom Luís Filipe.

Foi também um apaixonado pela oceanografia, tendo adquirido o iate Amélia, destinado às suas campanhas oceanográficas, recriando em muitas telas, muita da vida marítima que observou ao longo da vida.

Tela de D. Carlos I de Portugal

 

 

El-Rei D. Carlos era um apreciador de Fado e chegou a ter lições de guitarra.

Gabriel de Oliveira escreveu o "Fado do Embuçado"  para o repertório de Natália dos Anjos, que música de sua autoria teve um grande êxito, mais tarde é novamente grande êxito cantado por João Ferreira Rosa na música do Fado Tradição.

Mas mais um bonito poema foi criado, lembrando o gosto do rei pelo Fado, desta vez da autoria de  Tó Moliças, que lhe deu o título " Até o Rei ía ao Fado" com música de Carlos Macedo que também o interpreta.

 

Natália dos Anjos canta o Fado do Embuçado na versão original

...Fado "Embuçado" é dedicado a D. Carlos que aprendeu a tocar guitarra e gostava de toiradas e fados
O fado "Embuçado", da autoria de Gabriel de Oliveira, "é uma homenagem ao Rei que ia muito aos fados e tinha até aprendido a tocar guitarra portuguesa com João Maria dos Anjos", disse à Lusa o fadista Miguel Silva, 91 anos, que conviveu com o poeta, falecido em 1953.
O Gabriel de Oliveira, que ficou conhecido aqui na Mouraria [Lisboa] como “Gabriel, marujo” era uma integralista monárquico, e fez o fado para a Natália dos Anjos, que foi sua companheira, cantar, em homenagem ao Rei", disse Miguel Silva.
    O tema "Embuçado" tornou-se conhecido na voz de João Ferreira Rosa, que o começou a cantar em 1962, com música de Alcídia Rodrigues, habitualmente designada como "Fado Tradição".
    "Quem me deu a letra foi a fadista Márcia Condessa e gravei o fado em 1965, e de facto escolhi pela música do fado Tradição", disse João Ferreia Rosa.
    Originalmente, Natália dos Anjos cantava-o na música do "Fado Natália" de autoria de José Marques ‘Piscalarete’.
    O musicólogo Rui Vieira Nery afirmou à Lusa "que há de facto essa tradição oral de que o Rei ia aos fados e há documentação relativamente ao facto de ter aprendido a tocar guitarra portuguesa, ainda na juventude, com João Maria dos Anjos".
    "Sabe-se que o Rei ia muito a patuscadas, nomeadamente para a Costa de Caparica, e neste contacto com as classes populares era natural haver fado", disse Vieira Nery.
    Não há notícia de alguma vez ter tocado guitarra portuguesa em público, adiantou Nery, mas "sabe-se que aplaudiu entusiasticamente o guitarrista Petrolino, quando este actuou na embaixada inglesa em Lisboa, no âmbito da visita de Eduardo VII".
    "Sabe-se também que o próprio Rei chegou a convidar o fadista Fortunato Coimbra para cantar no iate Amélia", acrescentou o musicólogo.
    Nesta altura, explicou o investigador, começa a tornar-se hábito, fadistas populares serem "expressamente convidados para actuarem nos palácios dos condes de Anadia, de Burnay, de Fontalva, de Pinhel, da Torre ou do marqueses de Castelo Melhor para além das casa agrícolas de grandes latifundiários como os Palha Blanco ou Camilo Alves".
    O historiador Rui Ramos salientou à Lusa que o gosto de D. Carlos enquadra-se "numa viragem no fim do século XIX em que se revaloriza o que é nosso, a vida rural, as toiradas, o fado, etc."....
In: Notícia da Lusa/ 28 /01/ 2008
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música: Fado do Embuçado
Viva Lisboa: Fado da Monarquia
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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