ERMELINDA VITÓRIA, nasceu em Lisboa no bairro da Mouraria, em 1892.
Viveu durante algum tempo em Setúbal. Aos nove anos já cantava ao lado do velho fadista Calafate.
Em dada fase da sua vida andou a cantar pelas ruas com cegos, mas veio a tornar-se depois uma das primeiras cantadeiras do seu tempo sendo muito apreciada pelos assíduos do fado nos anos 20 e 30 do século passado.
Tomou parte em descantes com cantadores afamados, como Jorge Cadeireiro, Júlio Janota, Carlos Harrington, Ginguinha, António Rosa, Armando Barata, António Lado, Fortunato Coimbra e outros. Cantou na maior parte dos retiros de Fado da época, Bacalhau, Ferro de Engomar, José dos Pacatos, Perna de Pau, da Fonte do Louro e Quinta da Montanha.
Nunca faltava nas esperas de toiros em Vila Franca de Xira e na Azambuja.
Foi uma das primeiras fadistas a profissionalizar-se. Em 1928, actuou no Salão Jansen, no Solar da Alegria, nos teatros Ginásio, S. Luís, Maria Vitória, Apolo, Trindade e Capitólio, e ainda nos teatros de província.
Foi companheira do violista Georgino de Sousa. Teve a sua festa de homenagem em 1930 no Salão Jansen.
Gravou discos, cantou em directo na Rádio Luso, na Rádio Peninsular.
Depois decaiu, ficando numa situação difícil de sobrevivência, mas passou a ser solidáriamente protegida, pela sua colega e amiga Maria Emma Ferreira, tendo vivido até cerca dos 90 anos de idade.
Um dos fados da sua criação que obteve maior sucesso foi "Meu Portugal" de autores desconhecidos, e “O Fado Altaneiro” com letra de Carlos Conde na música do Fado Mouraria:
© Vítor Duarte Marceneiro
O FADO ALTANEIRO
Cantar o Fado altaneiro,
Erguê-lo como um padrão,
É ter Portugal inteiro
Metido no coração.
Há quem me ponha em baixeza
E me tenha censurado
Por eu ter cantado o Fado
Sendo mulher portuguesa;
Porém, a nobre defesa
Para o dito traiçoeiro,
É ter por forte guerreiro
O som do Fado imortal,
E por todo o Portugal
Cantar o Fado altaneiro.
Uma guitarra a gemer
Por alguém ao Fado atreito,
Geme a aquecer-nos o peito
Para também se aquecer.
Quero cantar e viver
Nesta sonhada ilusão,
Porque o Fado é a canção
Calmante de quem padece,
Rezá-lo como uma prece,
Erguê-lo como um padrão.
Assim, nas notas bem-vindas,
Onde vibram mocidades,
Quero cantar as saudades
Doutras saudades infindas;
Desprezar as mal-avindas
Línguas do povo embusteiro,
Porque ter o lisonjeiro Fado
profundo e dolente,
Não é ter alma somente,
É ter Portugal inteiro.
Cantar o Fado que encanta
Desde o mais sábio ao mais rude,
É ter a santa virtude
Sobre a virtude mais santa.
Toda a mulher que não canta
Por devaneio ou paixão,
Perde toda a sedução,
Toda a ternura e valor
Por não ter um puro amor
Metido no coração.
ERMELINDA VITÓRIA, nasceu em Lisboa no bairro da Mouraria, em 1892.
Viveu durante algum tempo em Setúbal. Aos nove anos já cantava ao lado do velho fadista Calafate.
Em dada fase da sua vida andou a cantar pelas ruas com cegos, mas veio a tornar-se depois uma das primeiras cantadeiras do seu tempo sendo muito apreciada pelos assíduos do fado nos anos 20 e 30 do século passado.
Tomou parte em descantes com cantadores afamados, como Jorge Cadeireiro, Júlio Janota, Carlos Harrington, Ginguinha, António Rosa, Armando Barata, António Lado, Fortunato Coimbra e outros. Cantou na maior parte dos retiros de Fado da época, Bacalhau, Ferro de Engomar, José dos Pacatos, Perna de Pau, da Fonte do Louro e Quinta da Montanha.
Nunca faltava nas esperas de toiros em Vila Franca de Xira e na Azambuja.
Foi uma das primeiras fadistas a profissionalizar-se. Em 1928, actuou no Salão Jansen, no Solar da Alegria, nos teatros Ginásio, S. Luís, Maria Vitória, Apolo, Trindade e Capitólio, e ainda nos teatros de província.
Foi companheira do violista Georgino de Sousa. Teve a sua festa de homenagem em 1930 no Salão Jansen.
Gravou discos, cantou em directo na Rádio Luso, na Rádio Peninsular.
Depois decaiu, ficando numa situação difícil de sobrevivência, mas passou a ser solidáriamente protegida, pela sua colega e amiga Maria Emma Ferreira, tendo vivido até cerca dos 90 anos de idade.
Um dos fados da sua criação que obteve maior sucesso foi "Meu Portugal" de autores desconhecidos, e “O Fado Altaneiro” com letra de Carlos Conde na música do Fado Mouraria:
© Vítor Duarte Marceneiro
O FADO ALTANEIRO
Cantar o Fado altaneiro,
Erguê-lo como um padrão,
É ter Portugal inteiro
Metido no coração.
Há quem me ponha em baixeza
E me tenha censurado
Por eu ter cantado o Fado
Sendo mulher portuguesa;
Porém, a nobre defesa
Para o dito traiçoeiro,
É ter por forte guerreiro
O som do Fado imortal,
E por todo o Portugal
Cantar o Fado altaneiro.
Uma guitarra a gemer
Por alguém ao Fado atreito,
Geme a aquecer-nos o peito
Para também se aquecer.
Quero cantar e viver
Nesta sonhada ilusão,
Porque o Fado é a canção
Calmante de quem padece,
Rezá-lo como uma prece,
Erguê-lo como um padrão.
Assim, nas notas bem-vindas,
Onde vibram mocidades,
Quero cantar as saudades
Doutras saudades infindas;
Desprezar as mal-avindas
Línguas do povo embusteiro,
Porque ter o lisonjeiro Fado
profundo e dolente,
Não é ter alma somente,
É ter Portugal inteiro.
Cantar o Fado que encanta
Desde o mais sábio ao mais rude,
É ter a santa virtude
Sobre a virtude mais santa.
Toda a mulher que não canta
Por devaneio ou paixão,
Perde toda a sedução,
Toda a ternura e valor
Por não ter um puro amor
Metido no coração.