Eu hoje tive um sonho, e ouvi novamente o Dr. Martin Luther King, ouvi e reli também o poema, PEDRA FILOSOFAL, cantada pelo Fausto, de António Gedeão e Manuel Freire, tema incluído neste video-clip, que já aqui publiquei em Abril de 2008.
No meu sonho lembrei-me dos "Baladeiros" com cantigas de protesto, de intervenção social, de denúncia, que tínhamos em Portugal, no tempo da ditadura, alguns deles até exilados... onde estão?
Cá para mim estão todos bem na vida... será por isso que estão calados???!!!
Acordei sobressaltado, será que OS PORTUGUESES DEIXARAM DE SONHAR?
Será que já não há cantores e poetas de canções de protesto? e no Fado, será que alguem com veia poética, escreva letras para Fados de protesto, (do reviralho, como diria o meu avô) ou será que continuará a ser considerado "reaccionário", é que já não há censura... não, não há, mas Há MEDO... de perder o "tacho".
Martin Luther King, foi assassinado há mais 40 anos por ter tido a ousadia de SONHAR, numa sociedade racista e intolerante .
MESMO QUE ISSO LHE CUSTE A VIDA , SEMPRE QUE UM HOMEM SONHA, O MUNDO PULA E AVANÇA
Manuel Freire canta:
Poema de António Gedeão
Música de Manuel Freire
PEDRA FILOSOFAL
Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos
Em que verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que o sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Num perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral
Pináculo de catedral
Contraponto, sinfonia
Máscara grega, magia
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa-dos-ventos, Infante
Caravela quinhentista
Que é Cabo da Boa Esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança