Entrei para o serviço militar obrigatório, na Escola Prática de Cavalaria em Santarém no dia 10 de Abril de 1967, devia ter entrado em 1966 mas pedi adiamento para acaber o curso.
Quando cheguei com os outros mancebos, foi-nos apresentado o nosso comandante de pelotão, o aspirante-miliciano João Coutinho.
Após os preâmbulos sobre o que seria o serviço militar, o então aspirante Coutinho, pergunta:
— Disseram-me que temos entre nós um fadista, quem é?
Eu não respondi, já calculava que fosse comigo, pois entre os que assentaram praça, havia mais rapazes de Alcântara, que me conheciam, e deduzi que lhe tivessem dito algo sobre o meu avô.
Ele insiste.
— Então, ninguém se acusa? Não há um fulano que é fadista, ou familiar de fadistas.
Ao que eu respondo, familiar sou, mas fadista não, para se ser fadista tem que se ter uma série de predicados, que eu não tenho, sou sim, filho e neto de fadistas, meu pai é o Alfredo Duarte Júnior, e meu avô Alfredo Marceneiro, tudo isto dito, com aquela impulsividade que me é característica.
Retorquiu o aspirante Coutinho.
— É pá não te exaltes, só queria saber quem era, o familiar, porque Alfredo Marceneiro é uma lenda.
Logo no dia seguinte já fardados e após uma noite de grande farrobodó, é formado o pelotão e começa a chamada, e eis que o Aspirante Coutinho, chama pelo Duarte, e após o meu – presente – ele diz: — a partir de hoje passas a ser tratado por, Alfredinho.
Iniciou-se uma amizade, que levou a que tivéssemos passado aquela recruta, sem grandes sacrifícios.
Conheci também e passou a ser meu amigo e do Aspirante Coutinho, o Rui, que por ser de Alfama, foi apelidado de Rui-Alfama.
E assim durante cerca de 40 meses de serviço militar, passei a ser tratado por “Alfredinho”.
Perguntarão os meus amigos, o que tem tudo isto a ver com o Fado? Tem e muito, aliás “tudo isto é Fado”, senão vejamos:
É graças ao Fado, que escrevo este blog, que contribuiu para que passados estes 40 anos o meu amigo João Coutinho, de quem eu nunca mais tinha tido notícias, após o final da recruta, pois ele foi logo mobilizado, entre em contacto comigo através do blog. Fiquei deveras radiante e logo lhe enviei uma foto que guardava exposta na parede, de nós os dois em Santarém.
Falámos e recordámos velhos tempos, pusemos como se costuma dizer a escrita em dia.
Passados dias envia-me um livro que tinha escrito sobre Angola, e a guerra, que mais abaixo irei apresentar.
Pouco tempo logo após este contacto, estávamos perto do Natal de 2007, recebo um telefonema, mais ou menos nestes termos:
— É o Sr. Vítor Marceneiro, peço desculpa de estar a maçá-lo, mas fui ao Museu do Fado para saber de si, deram-me a morada da APAF (!), onde me desloquei e a Srª. Dª. Julieta é que me deu o seu contacto (?), eu sou o Rui-Alfama, que estive consigo na tropa em Santarém, lembra-se? Peço desculpa se o estou a maçar.
As lágrimas embargaram-me a voz e logo respondi, é pá vai chamar Senhor..... a maçar-me?..... ( os..... é linguagem da nossa juventude), que saudades, então não me havia de me lembrar?.
Combinámos que eu iria a Lisboa logo no dia seguinte, para nos reencontrar-mos e nos abraçar-mos.
Assim foi, e lá estivemos a lembrar em amena cavaqueira, o nosso passado comum, falei-lhe também que tinha sido contactado pelo Aspirante Coutinho.
E soube que ele tinha dado aquelas voltas todas, porque viu numa livraria o meu livro sobre o meu avô, e queria como prenda de Natal, que o mesmo fosse assinado por mim, e não tinha conhecimento deste blogue.
Passados dias o Rui-Alfama mandou-me duas fotos nossas e do Coutinho, tiradas quando da nossa recruta, que ele guarda no seu álbum de recordações.
Nota: O porquê dos ( pontos de interrogação):No Museu do Fado, ninguém tinha o meu contacto? Se não queriam dar o número de telefone, tudo bem, mas o e-mail não é confidencial. Depois dão a morada da APAF, e porque não o número de telefone?!
A APAF, como não tem sede própria, a morada é a do casal Dr. Luís de Castro e da Snrª Dª Julieta de Castro, sócios fundadores, ainda bem que deram o meu número, mas não seria natural que me contactassem? Eu até julgo que sou da direcção da APAF......
Não, tudo isto é normal, eu é que sou um grande complicado e tenho um grande mau feitio.
Aconteceu que eu não fui mobilizado, mas os horrores da guerra, não passaram ao lado, estava ciente do que se estava a passar, e num acidente que tive na especialidade, também em Santarém, tive que vir para o Hospital Militar, para ser operado e fui colocado no “Anexo” que estava situado na Rua de Artilharia Nº 1, e aí vi ao vivo, aquilo que até então tinha visto em fotos clandestinas — era o horror — são imagens que nunca mais me saem do pensamento. Houve também mortes de alguns militares que conheci naqueles cerca de quarenta meses.
Fui colocado no Regimento de Cavalaria 4 em Santa Margarida onde fiz muitas amizades e de que guardo grandes recordações, destaco o Lebre Pereira com quem mantenho contacto assíduo.
Passei à disponibilidade em finais de 1970.
Texto extraído da badana da capa do livro.
JOÃO COUTINHO nasceu na República Democrática do Congo, a 6 de Abril de 1944.
Durante o período de 1967 a 1969 foi oficial miliciano, em Angola.
Em Setembro de 1975, parte definitivamente de Angola, todavia a imagem telúrica elos "verdes elo mato", simbólicos da força regenerativa deste continente, perduraram a sua memória..
Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade ele Lisboa, exerceu a profissão de docente (actualmente reformado).
Neste momento, partilha o seu tempo entre a escrita, a tradução e a televisão, onde é jornalista colaborador (RTP) na área do desporto.
Os verdes anos no mato não acabam marca a estreia do autor na escrita da ficção, desvelando-se, neste inebriante romance, um mundo bem presente na memória de muitos portugueses.
O texto na badana da contra-capa, é arrepiante.
(...) perguntaram a um miúdo de doze anos, que tinha ficado sem as pernas por causa de uma mina, qual era o seu sonho para o Natal.
Teve uma resposta que me deixou doente: "A senhora acha que eu posso ter sonhos?"(...)
Eis a imagem da dedicatória que João Coutinho me escreve no seu livro, onde ainda me chama para além de Vítor Duarte, de " o eterno Alfredinho" tal com há quarenta anos.
Um grande abraço, para o Rui - Alfama, para o Coutinho, e para todos os nossos camaradas de então, que esperemos estejam entre nós.
Em 1972 já depois de ter gravado a solo e em dueto para a etiqueta Estúdio – Emílio Mateus, sou convidado para gravar um EP para a etiqueta Parlophone- Valentim de Carvalho, sendo-me dada a honra de ser acompanhado por José Nunes à guitarra, e Francisco Peres (Paquito) à viola.
Os temas foram escolhidos por mim, e é quando o saudoso Artur Ribeiro, me escreve um Fado original, como já tive oportunidade de aqui referir, “Mais Um Entre Tantos”, escolhi ainda, do repertório de meu avô, “Vestido Azul” poema de Henrique Rego, e também “Não Me Queres, Não Admira”, de Frederico de Brito, que lhe pedi directamente não só autorização, como os versos que eu não tinha, pois só conhecia o mote, que julgo já tinha sido cantado e talvez gravado por outro artista, o que na realidade desconheço, e finalmente “Sangue de Heróis” do meu saudoso Carlos Conde, que deu o título ao disco, e que escreveu o prefácio na contra-capa.
Texto da contra-capa:
Ao longo dos séculos, a terra portuguesa tem sido cenário de lutas intemeratas, de glórias, de amores e de mágoas.
Mas nas lutas. como nos amores, nas mágoas como nas glórias, souberam os portugueses cunhar um destino. E a sua maneira de ser e de viver fez uma Pátria, uma Raça, um Povo e, mais do que tudo isto: uma Alma.
E se a canção é, por vezes, a Pátria, ela está, também, em versos, nas vozes que os cantam, na intenção que os sugere, na saudade que corta todos os silêncios e chora todas as angústias.
O disco foi censurado, na face B, pelo então Director de Programas da Emissora Nacional.
Caro Vítor Duarte,
Em resposta ao seu pedido enviamos 4 imagens digitalizadas do EP Parlophone 8E 016-40236 [cota EN: A-382] — três das quais testemunham os procedimentos de censura por si mencionados.
Na imagem da contracapa é legível a seguinte inscrição: “Proibidas – Exmo. DSP – 12/12/72”. A sigla “DSP” correspondia, na Emissora Nacional a “Director dos Serviços de Programas”. Também o disco apresenta marcas feitas com lápis de cera amarelo com o objectivo de impedir a sua reprodução.
Cedemos estas imagens exclusivamente para a utilização declarada – utilização no blogue Lisboa no Guiness. A proveniência das imagens deve ser tornada explícita com a seguinte menção: “Rádio e Televisão de Portugal - Arquivo da Rádio”.
Ficamos ao seu inteiro dispor para qualquer esclarecimento adicional,
Com os melhores cumprimentos,
Eduardo Leite
Chefe de Departamento
Rádio e Televisão de Portugal
Arquivo da Rádio
Na face B, estão os temas, "Não me queres não admira" e Mais Um Entre Tantos:
Vítor Duarte canta
Não me queres, não admira
Letra de Frederico de Brito
Musica Fado Marcha de Alfredo Correeiro
Vítor Duarte canta
Mais um Entre Tantos
Letra de Artur Ribeiro
Musica Fado Alexandrino Laranjeira de Alfredo Marceneiro
Mas a censura, não ficou por aqui, Armando Marques Ferreira, que na altura tinha um programa na Rádio Renascença, anulou uma entrevista, que tinha marcada comigo, dizendo-me, que após ouvir o disco, não dava cobertura a simpatizantes da guerra do ultramar, (!) .
O certo é que o disco nunca passou nas rádios.
A face "B" já se viu porquê. A face "A" por causa do tema "Sangue de Heróis", de Carlos Conde.
Houve também alguns amigos meus, que embora sabendo bem quais as minha convicções (e, em que águas eu navegava, desde os tempos de estudante) que me chamaram reaccionário, e mesmo explicando-lhes que o poema era do poeta talvez mais censurado de Fado, por ser anti-regime, o tema fala de patriotismo, que nos anos trinta, altura em que Hitler já estava no poder na Alemanha, e era do conhecimento geral, que queria dominar toda a África, e as colónias portuguesas na altura, eram por ele cobiçadas, qualquer português digno desse nome, se indignava, mas pasme-se, até nessa altura a censura, proibiu que a letra fosse cantada, porque era uma provocação!
Dois anos depois veio o 25 de Abril, e alguns desses que se desagradaram com o tema do Fado...... que me chamaram reaccionários, encontrei-os do outro lado ...... não digo mais.
Ainda hoje tenho todo o orgulho como português, do conceito do Fado, e aqui realço os seus versos finais,
Diz ao mundo, grita aos sóis
Enche os céus da nossa glória
Num clarão vasto e profundo
Que só com sangue de heróis
Portugal ergueu história
Nas cinco parte do mundo
Vítor Duarte canta
Sangue de Heróis
Letra de Carlos Conde
Musica Fado Cravo de Alfredo Marceneiro
Nota: Esta página foi publicada pela primeira vez em 27 de Janeiro de 2008
HOJE DIA 30 PELAS 15:00 HORAS
IREI ESTAR PRESENTE, NA SEQUÊNCIA DO CONVITE QUE PORPOCIONOU A MINHA VINDA A ANGRA DO HEROÍSMO, PARA FALAR DE FADO E DE ALFREDO MARCENEIRO.
ESCOLA SECUNDÀRIA JERÓNIMO EMILIANO DE ANDRADE
SERÁ MODERADOR NESTE EVENTO O PROF. AMÉRICO ROQUE
Nota: Este texto é pura ficção , qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência e, é da minha inteira responsabilidade — Vítor Duarte Marceneiro — obviamente que estou solidário com a recuperação do Parque Mayer, mas não haver uma referência ao Fado, na utilização dos espaços, dá-me vontade de.... não digo mais nada
Recordamos mais uma vez quem foi Maria Vitória
MARIA VITÓRIA, foi outra artista do teatro idolatrada pelo público e que tam bém se acompanhava à guitarra. Nasceu em Málaga em 3-3-1888, mas veio em criança com a mãe para Lisboa, cidade onde foi educada num convento de freiras.
Com uma bonita figura, morena, olhos e cabelos negros, estava, porém, talhada para uma vida turbulenta e efémera, tal como Júlia Mendes, devido ao seu temperamento em que sentimentalismo e sensualidade se misturavam, prevalecendo sobre os princípios em que se iniciara. Optando pelo caminho da boémia, do desregramento, vivendo demasiadamente depressa, sacrificou a sua juventude generosa imolando-se aos 27 anos quando se encontrava no apogeu de uma prometedora carreira de actriz e de fadista.
Andou pelas feiras em pândegas e noitadas até que surgiu a cantar o fado na taberna Flor da Boémia, da Travessa da Espera, n.o 11, de que era proprietário um tal Joaquim Rato, que foi um dos seus vários amantes. E logo aí deu origem a um drama, porquanto um filho do Rato, apaixonando-se por ela e não sendo correspondido, viria a morrer tuberculoso.
Criando à sua volta uma roda de admiradores, Maria Vitória estrear-se-ia como actriz em 1908 no Casino de Santos, donde transitou para o Salão Fantástico e daí para o Teatro da Rua dos Condes, à porta do qual foi protagonista de uma célebre cena de ciúmes em que a rival, outra actriz então em voga, lhe sofreu os desabrimentos de mulher temperamental e impulsiva.
Contratada pelo empresário Luís Galhardo, actuou, em 1913, na revista "O 31", levada à cena no Teatro Avenida, onde desempenhou os papéis de Estúrdia, de Alzira Fadista (3) e de Guines do dueto Arco de Santo André. O seu grande sucesso foi, então, o Fado do 31, cuja popularidade transpôs as fronteiras e se estendeu até à Espanha.
Minada pela tuberculose, depois de uma breve passagem pelo Caramulo donde fugiu para voltar para o teatro, Maria Vitória, cuja carreira teatral não foi além de sete anos, viria a falecer na sua residência da Rua de Nova da Piedade, n.o 1-r/c, em 30-4-1915, sendo inumada no cemitério de Benfica.
Desaparecida do palco da vida, com o decorrer do tempo ela havia de se transformar numa figura lendária, celebrada como actriz (que deu o nome a um teatro do Parque Mayer, inaugurado em 1922) e como fadista afamada (a quem o cantador Francisco Viana dera em 1908 lições de canto), intérprete de fados que tiveram enorme audiência.
Entronizada como cantadeira que deu brado teve, naturalmente, o seu Fado Maria Vitória, com letra de Pereira Coelho e música de Alves Coelho, os mesmos autores do Fado do 31.
Na reabertura em Fevereiro de 1990 , o teatro foi acossado por um violento incêndio, que o destruiu. Na inauguração a figura de Maria Vitória foi recriada por Marina Mota.
Permitam relembrar os intervenientes neste espectáculo de Fado, em que eu também lá estarei, para apresentar o espectáculo e cantar. Agradeço ao povo de Campo d´Ourique pelo carinho que demonstram pela memória de meu avô. O meu sentido agradecimento ao Dignº Presidente da Junta de Freguesia de Santa Isabel, Dr. João Serra, pela amizade que com que me honra, obrigado por todas as diligência que tem feito, para que Campo d´Ourique dê o nome de ALFREDO MARCENEIRO a uma rua do bairro que o viu nascer e que ele tanto enalteceu. Também o meu agradecimento a toda a equipa da junta de freguesia, destacando o meu querido amigo Dr. João Soares (*) pela sua competência e apoio.
Cristina Nóbrega -http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/241408.html
Carolina Tavares -http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/72185.html
João Paulo- http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/66300.html
(*) Para que não haja confusão o Dr. João Soares, assesor do Presidente da Junta de Freguesia de Santa Isabel, não é o Dr. João Soares que foi presidente da edibilidade de Lisboa.
Estávamos no tempo do cinema mudo e os primeiros empresários que contrataram Alfredo Marceneiro foram Artur Emauz e Vicente Alcântara, para o Chiado Terrasse, no propósito de este cantar nos intervalos das exibições cinematográficas, pois o público andava arredado dos espectáculos da 7ª. Arte.
Alfredo Marceneiro e Júlio Proença estavam no auge das suas carreiras, razão pela qual o público começou a acorrer em maior número ao cinema.
Assim, além de assistir ao filme, também ouviam cantar o Fado.
Estes contratos no Chiado Terrasse tiveram um duplo benefício: o aumento das receitas do cinema e a possibilidade de um contacto mais próximo do grande público com os fadistas, que tinham fama de indivíduos de mau porte, o que permitiu a desmistificação dessa ideia de raízes tão perdidas no tempo.
Na sequência destas suas actuações no Chiado Terrasse, Alfredo Marceneiro, que já tinha criado o hábito de se cantar o fado à média luz, tem um dos seus repentes de criatividade e levanta-se para cantar o Fado.
Até esta altura todos os fadistas cantavam sentados e os espectadores mais distantes tinham a tendência de se levantarem, a fim de poderem ver quem estava a actuar. Isto provocava um certo burburinho, que prejudicava as actuações e, com esta atitude de Alfredo Marceneiro, o Fado ganhou outro respeito. A partir desse dia os tocadores e os fadistas passaram a ter um lugar de destaque nas salas onde actuavam e o Fado começou a ser cantado com o fadista de pé.
Foto de Alfredo Marceneiro a cantar no CAFÉ LUSO
© Vítor Duarte Marceneiro in “Recordar Alfredo Marceneiro”
A minha filha Beatriz que tem oito anos de idade, disse-me há dias:
— Sabes pai, eu gosto dos Fados dos avôs, e dos que tu cantas, mas não leves a mal, o Fado que eu gosto mais é o dos "Búzios".
Retorqui:
Não levo nada a mal, tens liberdade para gostar do que queres, como sabes, eu também gosto muito desse Fado, olha... queres fazer um filme e cantares?
— Cantar, eu não sei, mas posso fingir a representar, pode ser?
Mãos à obra, desafiei o Alfredo, que logo alinhou para "tocar" guitarra, o maior problema foi quando disse à Beatriz que ia "tocar" viola, foi preciso explicar-lhe em pormenor, como era possível ela estar na imagem em duplicado.
Aqui está o Video-Clip, espero que gostem, é também uma homenagem ao autor e à interprete.
Recordamos uma frase do escritor Vergílio Ferreira " a vida é um dia entre duas longas noites" e Omar Kayan que dizia " levanta-te, tens toda a eternidade para dormir". todos nós nascemos ricos com capital que temos que gastar inexorávelmente. Tempo de Vida e nunca sabemos a quantidade dessa riqueza que possuímos. A compensação dessa riqueza é acumulação de outra não material , pura e simplesmente, saber. É no mínimo nada mais que o acumular do conhecimento e da cultura.
O estímulo é ter a certeza que todos os dias acrescentamos saber para no final apresentarmos balanço positivo da nossa existência.
Vitor nem duvides continua com um forte abraço de solidariedade do amigo que te admira e estima
Acácio Monteiro
Recordamos alguns dos grandes vultos do Fado já desaparecidos , mas sempre na nossa memória. Decerto alguns não são mencionados, por tal facto as nossas desculpas, pois era praticamente impossível mencioná-los a todos.
Este modesto trabalho é um tributo a todos os amantes do Fado.
Agradeço ao grande poeta Euclides Cavaco, por se disponibilizar para esta iniciativa.
Música do Fado Cravo de Alfredo Marceneiro
Interpretada ao piano pelo Maestro Rui Serodio
BEM HAJAM, MULHERES DE TODO O MUNDO
E QUE TODOS OS DIAS SEJAM NOSSOS
NO AMOR E NA HARMONIA
Ser mulher
É ser esposa e companheira
Amante terna e fagueira
Que o amor sabe entender
Ser mulher
É ser mãe e conselheira
Dedicada de alma inteira
A que devota o seu ser.
Ser mulher
É ser do lar timoneira
Na doença a enfermeira
É dar mais que receber
Ser mulher
É ser fonte d’existência
Que cala a voz da ciência
A força de ser mulher...
Ser mulher não é somente
A figura e a fulgência
É muito mais transcendente
Do que essa mera aparência.
Ser mulher é ter coragem
De pôr fim à injustiça
Dessa humilhante imagem
Que outrora a fez submissa.
Ser mulher é dizer não
Ao abuso e violência
À vil discriminação
E à austera prepotência.
Ser mulher é procurar
O direito à igualdade
E sem tabus comungar
Tudo com justa equidade
Ser mulher é esse alguém
Avó, neta, irmã ou filha
Devotada esposa e mãe
Que o seu amor compartilha.
Ser mulher é sim lutar
Para ser compreendida
E sem medo conquistar
Os seus direitos na vida !...
Poema de : Euclides Cavaco
vadoaracaju.wordpress.com
Este Video Clip, tem como música de fundo o "Fado Bailado", (registado na SPA) da autoria (ainda...) do meu avô, Alfredo Marceneiro, sendo também este fado conhecido pelo povo, com o título de "Estranha Forma de Vida", criação e versos de Amália Rodrigues, porque esta os cantou nesta música. (*)
(*) Ouve mais alguém que os cantou e gravou , mas fez umas alterações nos versos, «foi só uma frase», mas foi sem autorização da autora!!!. Mas esse mesmo alguém, fez o mesmo com os versos do "Fado Bairro Alto", criação de Nuno de Aguiar, mas neste até alterou «mais que uma palavra», quem seria?
Mas a procissão ainda vai no adro... há-de aparecer mais atropelos.
Tudo isto existe... Tudo isto é triste...