Clique aqui para se inscrever na
Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Terça-feira, 28 de Julho de 2009

FADO CALADO

Faz hoje um ano que publiquei este poema que me foi enviado por um anónimo, vale a pena voltar a ler e pensar.

 

FADO CALADO!
Autor: O Poeta

Novo fado, importado
Com cheiro de podridão
Que tenta matar o Fado
Que nasceu nesta Nação!
Escutem bem essas vozes
As vozes sem coração
E não percam um momento
Em denunciar os atrozes
Que enaltecem a traição
Do fado sem sentimento!

Almas negras                                 
Adulteradas
Impugnadas
Desgraçadas!
Almas sem regras
Almas doentes
Almas dementes
Inconscientes!

Almas mortas
Sem amor
Fora de portas
Sem valor!
Vivem do ódio espalhado
Por falta de competência
Abraçando o Novo fado
Por falta de consciência!

Uma história bem bizarra...
Um bandónio... Uma guitarra...
Um carpinteiro de toscos
Rouba o fundo da guitarra!
Bandónio fica encantado...
Julgando que agora é farra
E que os fados ficam foscos
Quando o Tango for dançado!

Este fado inconsciente
Que não se ouve, nem se sente
É subornado e adulterado
Por instrumentos que no Fado
Não fazem chorar a gente!
Já dizem que o Samba é Fado
E que o Fado não se escapa
Nem ao Tango, nem ao Jaz,
Será que não é bastardo
Do Flamengo e zurrapa
Que a martelo se faz?

E este triste conjunto
De alguns monarcas de tanga
Com a guitarra sem fundo
Mais parece uma charanga

Almas negras
Adulteradas
Impugnadas
Desgraçadas!

Tristes percalços
Com gestos amaricados
Cantam de olhos pintados
O fado, de pés descalços!
Fadistas sem Fado
E a guitarra sem fundo
Fazem da noite um pecado
E fazem do Fado um defunto!

Mas como diz o rifão
Que o nosso povo ilumina
Não há vela sem senão!
E talvez alguma vacina
Cure um dia a maldição
Da droga que alucina
Os traidores desta Nação!

Triste Fado das vielas
Navegaste em caravelas
Mas desdenhas e maldizes
As verdadeiras raízes
Das tuas lindas chinelas!
Fado Português, Lisboeta
Escrito por tanto poeta
Que só a vida ensinou
As palavras que enquadrou
Com a ponta de uma caneta

E já lá diz o espanhol
Na península há evolução!
Cantar Fado em portunhol
Só pode fazer bem à Nação!

No Novo fado
De engenhocas astutas
Alugam-se prostitutas
E um cineasta tarado...
E de rabo abaixado
Vende-se o Património
A alma ao demónio
E tudo a bem do fado...

Visão infernal
De um destino real
Que o Fado consome
Mas poucos se importam
Que o Fado afinal
É só de Portugal
E por isso o deportam...

Soam gritos aflitos
E os abutres malditos
Aguçam as garras
Ao som das guitarras
Para desfazerem o Fado
E sempre a enfardar
Vão vivendo a grasnar...

Uma voz dolorida
Que canta sentida...
E um tipo burguês
Que afirma que o Fado
Já não é português!

Nas tristes vielas
Através das janelas
Um choro tresmalha...
E agora sem fundo
A pobre guitarra
Não serve de amarra
À dor que retalha!

Choro que não mente
A tristeza que sente
Pelo Fado perdido
E em consonância
Recorda com saudade
Os Fados sem idade
Dos tempos de infância

Num gesto fugaz
Já não é capaz
De relembrar o passado
Nesse fado amargurado
E por mais que procure
Ou seu nome murmure
Já ninguém conhece o Fado

Numa noite de luar
Ouviu-se o triste cantar
De um marinheiro gingão
Que morrendo de saudade
Fez do Fado sua canção

Abriram-se as janelas
E lá pelas vielas
Alguém gritou furibundo
Que o Fado, por sinal
Já fora Canção Nacional
Mas que foi vendido ao mundo!
A guitarra levou fundo...
O bandónio deportado...
E o Fado, tão mal tratado
Voltou a ser português!

E digam lá
Se o Novo fado (algum)
Devia ou não estar CALADO!

 

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
publicado por Vítor Marceneiro às 22:31
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito
Clique na Foto para ver o meu perfil!

Contador

arquivos

Abril 2024

Março 2024

Agosto 2021

Maio 2021

Fevereiro 2021

Maio 2020

Março 2020

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Novembro 2018

Outubro 2018

Agosto 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Agosto 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Aguarelas gentilmente cedidas por MESTRE REAL BORDALO. Proibida a sua reprodução.

tags

10 anos de saudade

2008

50 anos de televisão

a severa

ada de castro

adega machado

adelina ramos

alberto ribeiro

alcindo de carvalho

alcino frazão

aldina duarte

alfredo correeiro

alfredo duarte jr

alfredo duarte jr.

alfredo duarte júnior

alfredo marcemeiro

alfredo marceneiro

alice maria

amália

amália no luso

amália rodrigues

américo pereira

amigos

ana rosmaninho

angra do heroísmo

anita guerreiro

antónio dos santos

antónio melo correia

antónio parreira

argentina santos

armanda ferreira

armandinho

armando boaventura

armando machado

arménio de melo - guitarrista

artur ribeiro

beatriz costa

beatriz da conceição

berta cardoso

carlos conde

carlos escobar

carlos zel

dia da mãe

dia do trabalhador

euclides cavaco

fadista

fadista bailarino

fado

fado bailado

fados da minha vida

fados de lisboa

feira da ladra

fernando farinha

fernando maurício

fernando pinto ribeiro

florência

gabino ferreira

guitarra portuguesa

guitarrista

helena sarmento

hermínia silva

herminia silva

joão braga

josé afonso

júlia florista

linhares barbosa

lisboa

lisboa no guiness

lucília do carmo

magusto

manuel fernandes

marchas populares

maria da fé

maria josé praça

maria teresa de noronha

max

mercado da ribeira

miguel ramos

noites de s. bento

oficios de rua

óleos real bordalo

paquito

patriarca do fado

poeta e escritor

porta de s. vicente ou da mouraria

pregões de lisboa

raul nery

real bordalo

santo antónio de lisboa

santos populares

são martinho

teresa silva carvalho

tereza tarouca

tristão da silva

vasco rafael

vítor duarte marceneiro

vitor duarte marceneiro

vítor marceneiro

vitor marceneiro

zeca afonso

todas as tags