Vasco da Gama
FADO DO MARINHEIRO
Criação de: Estêvão Amarante
O marujo criou fama.
Desde um tal Vasco da Gama
Que no mar foi o primeiro;
E o Pedro Álvares Cabral
Só foi grande em Portugal
Por ter sido marinheiro.
A lutar como um soldado,
Peito ao léu, rosto queimado,
Ao sol da terra africana,
Com a farda em desalinho,
(Foi às ordens de Mouzinho
Que deu caça ao Gungunhana !
Quando o mar era um segredo,
Os antigos tinham medo
De perder-se ou ir a pique;
Só zombavam das porcelas
As primeiras caravelas
Do Infante Dom Henrique!
Fartos já de andar nos mares,
Também vamos pelos ares
Sem temor, abrir caminho;
Pois bem sabe toda a gente
Que o marujo mais valente
É o avô Gago Coutinho!
Nessa Alcântara afamada,
O marujo anda à pancada
E arma sempre espalhafato;
É que guarda na memória
O banzé que houve na história
Do António Prior do Crato.
Quando vai p'rá Fonte Santa
E dá largas à garganta,
P'la guitarra acompanhado.
Até chora o mundo inteiro,
Porque a voz do marinheiro
É a voz do próprio Fado!...
Caravela Portuguesa dos Descobrimentos
FADO DAS CARAVELAS
Criação de Estêvão Amarante
Quando foi das descobertas e conquistas,
Os fadistas,
Guitarristas
De mais fama,
Lá no fundo do porão,
Deram alma e coração
Às descobertas do Gama.
No alto mar
Ia o barco a naufragar,
O vento rijo a soprar,
Que até os mastros levou.
Foi ao sentir,
Uma guitarra a carpir,
Que o Neptuno querendo ouvir,
A tempestade abrandou.
E nas horas d'incerteza, à marinhagem
Deu coragem
Na miragem
Da vitória.
Cabe ao fado o seu quinhão,
De todo e qualquer padrão,
Dos que fala a nossa História.
No alto mar
Quando em noites de luar,
O pensamento a pairar,
Na nossa aldeia natal.
Ai, era ver,
Quanta lágrima a correr,
Na guitarra a descrever,
Saudades de Portugal.