Fernanda Baptista, evocada em exposição com mais de 500 peças pessoais da fadista, no 90º aniversário do seu nascimento - Produção e Realização de Miguel Villa
Cerca de 500 peças pertencentes à fadista e actriz Fernanda Baptista, falecida em Julho passado, vão estar expostas em Lisboa, na Junta de Freguesia de Santos-o-Velho.
"Trata-se de vários objectos de cena, desde vestidos a adereços, como brincos ou colares, cartazes, fotografias, programas, pautas, jornais, procurando dar uma retrospectiva o mais completa de uma das mais fulgurantes carreiras da revista à portuguesa", explicou à Lusa Miguel Villa, organizador da exposição que estará patente de 25 de Maio a 28 de Junho.
A maioria dos objectos expostos foi oferecida pela fadista a Miguel Villa, coleccionador de objectos da actividade teatral e admirador de Fernanda Baptista.
"Éramos muito amigos, ela era uma pessoa excepcional e deu-me muita coisa, além daquilo que doou ao Museu do Teatro", explicou Villa.
Um dos objectos que será exposto é o seu último vestido de cena, emprestado pelo empresário Filipe la Feria, que a criadora de "Fado da carta" usou em "Canção de Lisboa", última peça em que se apresentou, em 2005.
O poeta José Luís Gordo, membro da Junta de Freguesia, sublinhou à Lusa "a importância de recordar figuras essenciais da cultura popular como a Fernanda Baptista, que teve inúmeros êxitos".
"É fundamental recordar estas figuras, se perdermos a memória corremos o risco de perder a nossa identidade e a Fernanda Baptista é uma cara de Lisboa", acrescentou.
Miguel Villa e José Luís Gordo sublinharam a ligação da fadista à marcha da Madragoa, bairro que integra a freguesia de Santos-o-Velho.
A fadista e actriz Fernanda Baptista faleceu a 25 de Julho passado com 89 anos. Além do "Fado da carta" (João Nobre/Amadeu do Vale), a fadista criou vários outros êxitos e foi primeira figura de várias operetas e revistas, entre elas, "Chuva de mulheres" e "Fonte luminosa".
A sua estreia na revista deu-se em 1945, em "Banhos de sol", a convite do compositor e maestro João Nobre, mas já anteriormente integrara o cartaz do Café Luso, a convite de Filipe Pinto, no início da década de 1940.
O êxito alcançado levou-a a deixar a profissão de costureira que exercia.
Um dos fatos expostos, da personagem "a filha de D. Afonso Henriques", foi executado por si própria para uma digressão, integrada numa companhia de revista, às comunidades portuguesas na América do Norte.
"Saudades de Júlia Mendes", "Fui ao baile", "Trapeiras de Lisboa", "Pedrinha da rua", "Fado toureiro" ou "Fado das sombras" foram outros dos seus êxitos.
A fadista foi distinguida pela Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, pela Câmara de Lisboa e, em 2003, condecorada com a Ordem de Mérito pelo Presidente da República, Jorge Sampaio.
NL.
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Parabéns Miguel Villa, pelo teu acerro iconográfico, bem hajas pelo amor com que divulgas grandes figuras da nossa cultura.
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