Corria o ano de 2007, e já alguém vaticinava o que se iria passar.
Estão em curso vários processos em tribunal por ilegalidades da produção, fugas ao fisco, direitos autorais não pagos, utilização abusiva de direitos conexos, E O FADO VERSÍCULO ?, etc...
Alguém (tribunal de contas e não só), já terá perguntado se já foram feitas as contas do dinheiro que todos nós pagámos... UM MILHÃO DE EUROS...
E se lerem o contrato, logo verão o embuste...
O Dr. Manuel Falcão, homem ligado aos audiovisuais, escreveu um artigo sobre o caso "FILME FADO -CARLOS SAURA - CARLOS DO CARMO ". que não resisti a transcrever , pois é uma pessoa com conhecimentos da causa, para se poder pronunciar objectivamente, como faz neste artigo publicado no Jornal Boa-Hora de distribuição gratuita.
Recebi um convite da EGEAC , para a apresentação do filme no Cinema S. Jorge, porque entra o meu avô, mas decidi não ir... também não comento, para já, aguardo ansiosamente o que se vai passar, e qual vai ser a reacção das gentes do Fado!
"ESPEREMOS QUE NÃO SEJA COMO A "FÁBULA DO REI VAI NU", PORQUE ENTÃO, O ÊXITO É ASSEGURADO, ISTO PORQUE OS ILUMINADOS ASSIM O IRÃO AFIRMAR"
DESFADOS
Anda por aí um grande alarido em torno de uma coisa chamada "Fados", uma operação
propagandística impulsionada e protagonizada por Carlos do Carmo, que logrou um inusitado investimento público, à revelia de todas as regras vigentes em matéria de financiamento ao audiovisual, para conseguir um filme onde ele próprio brilhasse no papel de inspirador da obra. Para dar um ar cosmopolita à coisa arregimentou o sempre disponível Carlos Saura, que nos últimos anos se especializou em fazer bilhetes postais em torno de géneros musicais - primeiro o flamenco, depois o tango e agora o fado. Claro que estes filmes não foram nem grátis nem rentáveis e claro que houve sempre vários poderes a pagar a factura, o que faz sentido porque na realidade eles foram usados essencialmente como peças propagandísticas. Pena é que o resultado final tenha sido sempre mais favorável a Saura e aos produtores que foram buscar os dinheiros públicos, do que aos países que financiaram a
operação, e, sobretudo, na realidade pouco fizeram a médio-longo prazo pelos géneros musicais cuja imagem no mundo se dizia irem exponenciar.
DO QUE LI E OUVI, APOSTO QUE ESTE É MAIS UM CASO DE DINHEIROS PÚBLICOS DEITADOS À RUA
O mentor e os produtores do filme gabam-se de que ele estará colocado em duas dezenas de mercados e sublinham o enorme valor que isto tem para a divulgação da cultura portuguesa. Vamos por partes: primeiro é preciso ver que mercados são estes, em que circunstâncias vai o filme aparecer (para que audiências, em que circuitos, se estamos a falar de redes de salas de estreia, se salas e circuitos de filmes de autor, ou se de canais de televisão abertos); depois, é fundamental ver bem o que o filme é - e a esse nível as primeiras notícias são alarmantes na descaracterização, na falta de rigor, no facilitismo e até no pirosismo a que se recorreu.
No fundo a questão aqui é perceber se os tais imensos mercados onde dizem que o filme vai passar são relevantes em termos de audiência e, depois, se o produto e o seu conteúdo contribuem para afirmar a marca de Portugal e a sua cultura ou se apenas aumentam a confusão e a descaracterização. Do que li e ouvi, aposto que este é mais um caso de dinheiros públicos deitados à rua para satisfação de umas quantas vaidades e interesses pessoais.
*mfalcao@gmail.com www.aesquinadorio.blogspot.com