Nasceu a 19 de Maio de 1876 e faleceu em Lisboa, a 25 de Maio de 1962. Foi um escritor, médico, político e diplomata, que se distinguiu como um dos mais conhecidos intelectuais portugueses das primeiras décadas do século XX.
Na sua actividade cultural, cultivou os mais variados géneros literários, da poesia ao romance e ao jornalismo, mas foi como dramaturgo que ficou mais conhecido, em particular pela sua peça A Ceia dos Cardeais (1902), uma das mais populares produções teatrais portuguesas de sempre.
Foi eleito sócio da Academia de Ciências de Lisboa (1908), instituição a que presidiu a partir de 1922.
Na política foi deputado, Ministro da Instrução Pública e Ministro dos Negócios Estrangeiros, terminando a sua carreira pública como embaixador de Portugal no Brasil em 1949, ali recebeu o título de Doutor "Honoris Causa" pela Universidade do Brasil, título que em 1954 também lhe foi atribuído pela Universidade de Coimbra.
Considerado retrógrado por alguns intelectuais seus contemporâneos, sendo de destacar o caso de Almada Negreiros, que escrever e publicou, o Manifesto Anti-Dantas, para publicamente o desconsiderar.
Júlio Dantas conseguiu granjear em vida grande prestígio social e literário, prestígio que decaiu após a sua morte.
Alcançou grandes êxitos com as suas peças teatrais, com obras como A Severa (*), A Ceia dos Cardeais (obra que foi traduzida para mais de 20 línguas), Rosas de Todo o Ano e O Reposteiro Verde.
Publicou o seu primeiro artigo em 1893 no jornal Novidades, e o seu primeiro livro de versos em 1897. A maior parte das suas obras de teatro e novelas são sobre o passado histórico, mas as suas melhores obras, Paço de Vieiros (1903) ou O Reposteiro Verde (1921 estão escritas num estilo naturalista.
Nas suas obras defende o culto do heroísmo, da elegância e do amor, situando a trama das suas obras quase invariavelmente no século XVIII, época que escolhia quase sempre como cenário das suas produções, salientando a decadência da vida aristocrática da época.
Na sua vasta obra predomina as obras de teatro, as novelas e os temas históricos. Contudo, as melhores obras de Júlio Dantas, nomeadamente Paço de Vieiros (1903) e o O Reposteiro Verde (1921) têm um claro pendor para o naturalismo. Foi durante décadas um dos autores portugueses mais apreciados no estrangeiro.
A primeira produção de uma das suas peças ocorreu em 1899, no Teatro Dona Amélia (actual Teatro São Luiz) de Lisboa, com a apresentação da peça em quatro actos, O que morreu de amor, pela Companhia Rosas & Brasão.
A Ceia dos Cardeais (1902) foi enormemente popular no seu tempo. Com base na sua obra teatral A Severa, José Leitão de Barros realizou o primeiro filme sonoro português em 1931. A sua peça Os Crucificados aborda, pela primeira vez no teatro português, a temática da homossexualidade.
Foi um dos fundadores da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, a SECTP, de que foi o primeiro presidente. Aquela sociedade deu origem à Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
Foi director do Conservatório Nacional de Lisboa, sendo ali professor de História da Literatura e director da Secção de Arte Dramática.
Em 1938-1940 presidiu à Comissão Executiva dos Centenários, dirigindo a Exposição do Mundo Português que teve lugar em Lisboa.
Em 1941 foi um dos Embaixadores Especiais enviados ao Brasil para dignificar a cultura de Portugal e em 1949 foi nomeado embaixador de Portugal no Rio de Janeiro. Nessas funções teve papel destacada na elaboração de um acordo ortográfico com o Brasil.
Politicamente foi considerado um oportunista, que é com quem diz, esteve sempre ao lado de quem detinha o poder. (vale a pena ler ou ouvir o Manifesto anti-Dantas de Almada Negreiros)
Quando foi proclamada a República, Júlio Dantas aderiu ao regime e publicou, no diário A Capital, o folhetim "Cruz de Sangue", depois em livro com o título Pátria Portuguesa (1914), fazendo a exaltação do povo e a condenação da nobreza.
Em 1911, desencadeado o conflito entre a Igreja Católica e o Estado Português por causa da Lei da Separação de Afonso Costa, publica a peça A Santa Inquisição (1910), um libelo contra a Inquisição. Com o advento do salazarismo, publicou Frei António das Chagas, um "elogio de quem se sacrifica, se imola pela Pátria".
Terminada a Segunda Guerra Mundial, prevendo a queda do Estado Novo, reformulou introduziu, em 1946, na Antígona, peça de estreia de Mariana Rey Monteiro, uma crítica velada ao velho ditador por meio da personagem de Creonte
Foi um dos fundadores da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, a SECTP, de que foi o primeiro presidente. Aquela sociedade deu origem à Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
Júlio Dantas é lembrado na sua cidade natal, Lagos, por um busto, localizado em Santo Amaro, na área envolvente ao Mercado Novo, dando também o nome à biblioteca pública da cidade. É também patrono da Escola Secundária Júlio Dantas, a principal escola pública de ensino secundário daquela cidade.
Peças de Teatro de que foi autor:
O Que Morreu de Amor (1899)
Viriato Trágico (1900)
A Severa (1901)
Crucificados (1902)
A Ceia dos Cardeais (1902)
Paço de Vieiros (1903),
Um Serão nas Laranjeiras (1904)
Rosas de Todo o Ano (1907)
Auto de El-Rei Seleuco de Camões (1908)
Soror Mariana (1915)
O Reposteiro Verde (1921)
Frei António das Chagas (1947)
(*)A actriz Palmira Torres primeira interprete de " A Severa"
A peça de teatro, A Severa data de 1901, o que explica o entusiasmo do público, nessa época cativo do pitoresco trágico, uma das garras do romantismo. A artista principal foi a actriz Palmira Torres. Palmira Torres
«Como se sabe, Dantas não fugia ao ardor sentimental de uma estória com sabor e cheiro a pecado e a drama, como a de Maria Severa Onofriana (Lisboa, 1820-1846), a que morreu na rua do Capelão à Mouraria, a rua do fado que Dina Teresa consagrou em A Severa, o nosso primeiro filme sonoro (1931), realizado por Leitão de Barros.
Cartaz do Filme de Leitão de Barros e a Actriz Dina Teresa
a primeira interprete do célebre tema de Frederico de Brito "Severa"
A peça A Severa (mais tarde adaptada a romance, à opereta e depois ao cinema, sendo nestes dois casos, ainda mais popularizada pela música de Frederico de Freitas, com uma melodia afadistada que granjeou grande aplauso e que teve um êxito duradouro.
A peça converteu-se em novela, com o andar do tempo, veio a converter-se em opereta, em filme, em zarzuela, em ópera, em bailado, em pintura, em escultura de arte, e até em quadro de revista.
Amália com Assis Pacheco no Monumental em "A Severa"
ver detalhes neste blogue em
http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/190948.html
Para finalizar o tema "A Severa" brilhantemente cantado pela grande fadista Fernanda Maria