Jaime Tiago dos Santos nasceu na freguesia de Santa Engrácia, de Lisboa, em 1-6-1909 e faleceu a 4 de Julho de 1982.
Os seus antepassados já tinham vocação musical, nomeadamente o avô materno, que tocava guitarra e cantava o fado.
Ainda muito miúdo com cinco ou seis anos de idade pegou numa velha guitarra, e começou a dedilhar espontaneamente as cordas do instrumento.
Começou com o ofício de aprendiz de marceneiro, mas a música estava-lhe na alma e aos 12 anos já tocava viola, bandolim e violino.
O instrumento que, porém, mais o entusiasmou inicialmente, foi a viola, à qual se dedicou no início da sua carreira de instrumentista em que acompanhou, entre outros, os guitarristas José Marques (Piscatarete), Fernando de Freitas, Gonçalves Dias e Bento Camacho.
Nas horas vagas começou a aprender a tocar guitarra, começa-lhe a tomar o jeito, mas não larga a viola, consta que Georgino de Sousa, quem o incentivou a trocar a viola pela guitarra e integra-o no seu conjunto de guitarras e violas (1937 a 1938).
Passou depois a actuar com o violista Miguel Ramos no Café Luso da Avenida da Liberdade (1939/1940).
Foi contratado para o Retiro da Severa onde já actuava o Armandinho, logo tentaram criar uma rivalidade entre eles, chegando a ser anunciado nos jornais um despique entre eles. Mas Armandinho, (homem de espírito aberto) teria dito que finalmente depois de tantos anos aparecera, finalmente, um guitarrista à sua altura, e recusou o confronto atitude em que foi acompanhado por Jaime Santos.
Integrado em 1944 no Conjunto Português de Guitarras, de Martinho d'Assunção, de que também faziam parte, além deste, António Couto e Alberto Correia, Jaime Santos, mais tarde (1945) com os mesmos elementos formam o Conjunto Típico de Guitarras.
No período em que acompanhou Amália, que com algumas interrupções se prolongou até 1955, participou com ela em imensos espectáculos quer em Portugal quer no estrangeiro, designadamente em Espanha, França, Estados Unidos e México. Participou no filme “Fado/ História Duma Cantadeira” (1947) e ainda nas curtas-metragens de Augusto Fraga sobre temas de fados, filmadas no mesmo ano, em 1954 tem uma intervenção no filme “Les Amants du Tage” em que, com Santos Moreira, igualmente acompanhou Amália.
Com Alberto Ribeiro fez digressões pelos antigos territórios portugueses da África e pela República da África do Sul,
Em 1960, com o violista Américo Silva, acompanhou à Holanda a artista Clara de Ovar, em 1961 foi actuar durante um ano em Paris, na casa típica desta artista, O Fado.
Autor das músicas de considerável número de fados (com letras de diferentes poetas), Jaime Santos compôs também variações, como A Minha Guitarra, Corrido Fidalgo, Corrido do Mestre Zé, Danças Portuguesas, De Nova Iorque a Lisboa, Fado das Berlengas, Festa na Aldeia, Marcha Fadista, Menor da Velha Guarda, Nostalgia, O Meu Sentir, Primavera em Flor, Quando o Meu Filho Nasceu, Rapsódia de Fados Antigos, Suite em Mi Maior, Tempos Antigos, Variações em Lá Menor, Variações em Mi Menor, Variações em Ré Maior, Variações em Si Menor, Variações Sobre o Fado Corrido, Variações Sobre o Fado Maggioli, Variações Sobre o Fado Mouraria, Variações Sobre o Fado Zé da Melena, etc.
Jaime Santos foi dos guitarristas que nos deixou um vasto espólio da sua arte, nas imensas gravações fonográficas que nos deixou.
Tive o prazer de cantar com ele no Luso nos anos setenta, onde fiquei a conhecer melhor e admirar este grande músico.
Como tive o prazer de ser convidado para escrever sobre o Fado nos anos 50 para a RTP - Programa Estramha Forma de Vida, época em que Jaime Santos foi grande figura. executante e criador de grandes Fados
Jaime Santos deixa uma 2ª geração ao Fado, o seu filho Jaime Santos Júnior que toca viola de Fado, tal qual como o pai se iniciou, mas não parece até agora pensar em mudar de instrumento.
Jaime Santos, filho, é quanto a mim actualmente um dos grandes executantes e perfeccionistas da viola de Fado clássico.
Jaime Santos
Toca variações sobre o Fado Menano