Villaret dedicou-se ao teatro depois de terminar o liceu e durante os anos trinta e quarenta do século vinte, teve uma ascensão vertiginosa que o levou a triunfar nos palcos do teatro declamado e ligeiro e no cinema - onde assinou interpretações memoráveis em Três Espelhos, de 1947, e Frei Luís de Sousa, de 1950.
O seu amor pela poesia fez com que se viesse a tornar num dos recitadores mais extraordinários que Portugal conheceu.
O registo do seu recital no São Luiz, lançado em álbum, ainda hoje se mantém disponível. Mas Villaret tinha também um especial apreço pela revista, onde se estreou em 1941 para escândalo daqueles que não gostavam de ver misturas. Em 1947, Aníbal Nazaré, António Porto e Nelson de Barros escrevem-lhe o Fado Falado, que criou na revista 'Tá Bem ou Não 'Tá?, verdadeira peça de antologia da história da música e do teatro popular portugueses. Um recitativo sobre uma melodia de Fado onde a letra, que jogava habilmente com a mitologia do género, era não cantada mas verdadeiramente "representada" por Villaret, que assim juntou ao cânone da música portuguesa mais um clássico. Outros êxitos, como A Vida é um Corridinho de 1952, ou a célebre Procissão de 1955, se lhe juntariam, mas o Fado Falado ficou marcante.
Nos anos 50, com o aparecimento da televisão, transpõe para este meio de comunicação a experiência que adquirira no palco, e também no cinema e programas radiofónicos. Aos domingos declamava na RTP com graça e paixão, poemas dos maiores autores nacionais Ficaram célebres, entre outras, a sua interpretação como declamador dos poemas:
Procissão, de António Lopes Ribeiro (1955);
Cântico negro, de José Régio
O menino de sua mãe, de Fernando Pessoa
No cinema, Villaret surge em:
O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro (1941), numa breve aparição, como pedinte mudo; Inês de Castro, de Leitão de Barros (1945), onde representa Martin, o bobo; Camões, de Leitão de Barros (1946); Três Espelhos, de Ladislao Vadja (1947), onde representa o inspector; Frei Luís de Sousa, de António Lopes Ribeiro (1950), no papel de criado; O Primo Basílio, de António Lopes Ribeiro (1959). João Villaret faleceu a 21 de Janeiro de 1961, vítima de doença prolongada Teve um irmão de seu nome Carlos Vilarett, que era pianista, e que o acompanhou muitas vezes em recitais. Carlos Vilarett, que eu cheguei a conhecer e ouvir tocar,era músico no “Dancing” Lua Nova, no Bairro Alto, mesmo ao lado do Luso, na Travessa da Queimada. Meu avô ia lá muitas vezes só para o ouvir, pois considerava-o um grande músico, e foi nessas idas que eu o conheci.
Consultas: Wikipédia, Vitor Pavão dos Santos, Biblioteca Nacional.