Clique aqui para se inscrever na
Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 15 de Maio de 2010

AS ORIGENS DO FADO - José Alberto Sardinha

 

O investigador José Alberto Sardinha defende a origem portuguesa do fado, e não brasileira, num livro a apresentar na segunda-feira, dia 17 de Maio, em Lisboa, no Tartro Trindade pelas 18,30 horas. "O fado nasceu em Portugal a partir de um substrato comum a todo o território nacional que é o romanceiro tradicional. É este canto narrativo que dá origem ao fado", defendeu o autor em declarações à Lusa. O livro "A Origem do Fado", agora editado, é o resultado de uma investigação de 22 anos. José Alberto Sardinha realçou que "antes de ser um género musical, o fado é um texto poético, um poema narrativo", e situa a sua origem no século XVI. "Ainda hoje os fadistas afirmam que o fado tem de contar uma história, e essa é a origem nacional do fado: contar uma história que emocionasse primeiro o fadista e, através deste, a audiência", sustentou. "Na verdade, a origem do fado está naquilo que nós chamamos pejorativamente o 'fado da desgraçadinha' ou o 'fado de faca e alguidar'. Esse é que é o fado primitivo, a origem do fado", argumentou. Para o investigador, as origens do fado "situar-se-ão no século XVI quando se dá a passagem do romanceiro histórico para o romanceiro novalesco, como já Carolina Michaëlis o tinha referenciado sem fundamentar", disse. A tese defendida por José Alberto Sardinha contraria a vigente de que o fado tem origem no lundum e numa dança brasileira, a umbigada. "Ninguém até agora explicou porque chamavam fado àquela dança, e umbigadas há em várias partes", referiu. Sardinha reconhece que a sua tese poderá "parecer estranha" e que é "audaciosa porque é inovadora", mas garante que "está devidamente fundamentada, é coerente, lógica e tem sequência. Tal como está demonstrado, tudo encaixa". "Eu comparo o fado que é uma tradição oral com a restante tradição oral portuguesa e não vou buscar origens a outras partes", acrescentou. Na obra, o autor referencia a evolução desde o século XVI até às "canções narrativas do século XVIII" e destas ao fado, como é citado no século XIX, quando surgiu a Severa e até o rei D. Carlos o tocava. As primeiras notícias conhecidas são do começo do século XIX e surgem do Brasil.

 

Gravura de uma ilustração publicada em 1904 - Festejos de Santo António em Lisboa

 

 Em Portugal "há uma noticiazinha na década de 1830 e a partir de 1840, mas uma investigação mais aturada na Torre do Tombo dará textos anteriores às datas brasileiras", afirmou, confiante, o investigador. Para o autor, "a origem brasileira do fado está por documentar, assim como ninguém explica como se passa do fado dança para o fado canção". Por outro lado, acrescentando mais um argumento à tese nacional, Sardinha afirmou que a palavra fado significava, no contexto popular, o contar de uma história de vida e no sentido erudito é sinónimo de destino. "Quando se contava a vida da Isaurinha, por exemplo, o que a audiência pedia era, 'conta aí o fado - a história da vida - da Isaurinha", disse. O livro, amplamente ilustrado e integrando quatro CD, na apresentação no Teatro da Trindade, numa palestra musicada do autor, na qual os vários temas musicais serão exemplificado por Ana Guerra acompanhada à guitarra e à viola. José Alberto Sardinha, advogado, tem nove títulos publicados, todos na área da música popular, entre eles, "Tunas do Marão" (2008), "Portugal, raízes musicais" (1997), "Modas estremenhas" (1989) e "Recolhas musicais da tradição oral portuguesa" (1982).

 

Nota: Esta notícia é da agência Lusa, que eu não mencionei no dia em que publiquei a página, porque onde a busca me levou no Google,  o texto não estava assinado e, aliás tinha várias incorrecções no que respeitava quer à data, quere  ao local em que a apresentação iria acontecer, após conversa com o editor, a quem alertei para o facto, que também estranhou o facto,  como não me disse nada em relação ao texto que lhe li, pensei que fosse o "press-realise" da editora.

 O seu a seu dono, e quem me conhece sabe que eu nunca deixo de mencionar as fontes, no entanto aqui ficam as minhas desculpas por este lapso involuntário.

 

 

 

Dois pequenos excertos, retirados desta obra que nos aponta o objectivdade da investigação levada a efeito,  AS ORIGENS DO FADO, que é  português, genuínamente português.

 

...Assim, o Fado não é exclusivamente lisboeta ou coimbrão. Nem sequer se pode dizer que teve seu berço em Lisboa, ou em Coimbra. Nasceu por todo o país, onde quer que um grupo de ceguinhos ou outros músicos itinerantes, na esteira da tradição jogralesca, se juntavam para cantarem romances novelescos ou quaisquer histórias de vidas que chamavam a atençãodo povo frequentador das feiras, mercados e romarias. Essas produções podiam ser apenas poéticas, que esses intérpretes introduziam em melodias pré-existentes, ou podiam mesmo ser novas composições musicais da autoria desses músicos de rua, naturalmente dentro dos parâmetros que a tradição musical romancística lhes fornecia. Não obstante ser, pois, um fenómeno nacional – e isto desde a sua génese -, o certo é que foi de Lisboa e de Coimbra que saíram os primeiros “heróis do fado”. Em primeiro lugar, porque Lisboa possuía uma população mais numerosa e esmoler e, por outro lado, um maior número de tabernas, o que tudo atraía mais músicos ambulantes. Depois, porque foi em Lisboa que a fidalguia frequentadora das tabernas “descobriu” o Fado e o elevou aos salões e à fama. Uma vez caído em moda, aí se criaram retiros e restaurantes especialmente destinados à apresentação pública dos artistas do Fado.

 

 …O nome “Fado” surgiu a partir do facto de os poemas narrativos contarem histórias ou episódios das vidas das pessoas, geralmente de desenlace triste ou mesmo trágico: a morte dos jovens amantes por verem o seu amor contrariado; o assassínio por ciúme; o suicídio da donzela enganada, ou o seu retiro para o convento; o castigo da mulher adúltera, ou do seu amante; a triste vida do soldado; a vida de dor e pena dos ceguinhos; a vingança da mulher abandonada; a história da mãe que mata os filhos e acaba na prisão; enfim, as vidas,  

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
link do post | comentar | favorito
Clique na Foto para ver o meu perfil!

Contador

arquivos

Abril 2024

Março 2024

Agosto 2021

Maio 2021

Fevereiro 2021

Maio 2020

Março 2020

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Novembro 2018

Outubro 2018

Agosto 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Agosto 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Aguarelas gentilmente cedidas por MESTRE REAL BORDALO. Proibida a sua reprodução.

tags

10 anos de saudade

2008

50 anos de televisão

a severa

ada de castro

adega machado

adelina ramos

alberto ribeiro

alcindo de carvalho

alcino frazão

aldina duarte

alfredo correeiro

alfredo duarte jr

alfredo duarte jr.

alfredo duarte júnior

alfredo marcemeiro

alfredo marceneiro

alice maria

amália

amália no luso

amália rodrigues

américo pereira

amigos

ana rosmaninho

angra do heroísmo

anita guerreiro

antónio dos santos

antónio melo correia

antónio parreira

argentina santos

armanda ferreira

armandinho

armando boaventura

armando machado

arménio de melo - guitarrista

artur ribeiro

beatriz costa

beatriz da conceição

berta cardoso

carlos conde

carlos escobar

carlos zel

dia da mãe

dia do trabalhador

euclides cavaco

fadista

fadista bailarino

fado

fado bailado

fados da minha vida

fados de lisboa

feira da ladra

fernando farinha

fernando maurício

fernando pinto ribeiro

florência

gabino ferreira

guitarra portuguesa

guitarrista

helena sarmento

hermínia silva

herminia silva

joão braga

josé afonso

júlia florista

linhares barbosa

lisboa

lisboa no guiness

lucília do carmo

magusto

manuel fernandes

marchas populares

maria da fé

maria josé praça

maria teresa de noronha

max

mercado da ribeira

miguel ramos

noites de s. bento

oficios de rua

óleos real bordalo

paquito

patriarca do fado

poeta e escritor

porta de s. vicente ou da mouraria

pregões de lisboa

raul nery

real bordalo

santo antónio de lisboa

santos populares

são martinho

teresa silva carvalho

tereza tarouca

tristão da silva

vasco rafael

vítor duarte marceneiro

vitor duarte marceneiro

vítor marceneiro

vitor marceneiro

zeca afonso

todas as tags