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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 22 de Março de 2014

Lisboa Vista do Céu - Eu amo Lisboa

Magníssimo video de "LISBOA VISTA DO CÉU" gentilmente cedido para ser inserido neste blog,  por «FALCÃO AZUL» Penso que todos os que amamos Lisboa, ficamos gratos, por nos ser possivel ver a nossa linda cidade por ângulos para alguns inimagináveis.

O muito obrigado a todos os intervenientes, em especial a Carlos Sargedas, pela sua anuência imediata ao meu pedido.

FICHA TÈCNICA

 

 Falcão Azul Serviços Aéreos em Helicopteros

http://www.falcaoazul.com/site/index.php,

  • Produção   : Carlos Sargedas
  • Texto           : Francisco Figueiredo
  • Realização : Jorge Humberto
  • Este extraordinário filme foi galardoado com uma mensão honrosa, no Festival Internacional de Filmes de Turismo, que realizou   em Barcelos  em  Setembro de 2009

    A toda a equipa do Falcão Azul os meus sinceros parabéns, e mais uma vez o agradecimento pela permissão de usar o filme neste blogue.

    Viva Lisboa

 

 

Em 1923 Jaime Cortesão, faz-nos esta descrição, que não sei se foi da sua imaginação, se na realidade teve a oportunidade de sobrevoar Lisboa , mas o certo é, que embora  diferente seja a paisagem de então para cá, diferentes as palavras, mas Lisboa é sempre Lisboa.

 

 LISBOA VISTA DO CEU 

 

IMPRESSÕES DE UM VOO DE AVIÃO

Poema de: Jaime Cortesão (1923)

 

"Ó!, Lisboa do Tejo e das viagens,

Onde é mais fundo o Céu, há mais azul.

Perspectivas de sonho e de miragens,

Já voei sobre ti, fui alma exul,

— Pasmavam os navios junto à amarra.

Estiravam-se os serros contra o sul,

Riam ondinas alvas para a barra!

 

                                        Rias, e eu ri, lá donde as águias pairam;

                                        Nunca tão fundo riso em vida ri.

                                        Meus olhos inda, atónitos, desvairam,

                                        Ao rever-te da altura a que me ergui.

                                        O ser humano, em sua exiguidade,

                                        É pó, já não existe, acaba ali:

                                        Some-se o homem; ergue-se a cidade.

 

Vi lá em baixo, e duvidei da vista,

Parada a sombra pálida das asas,

Enquanto um alto monte, desde a crista

À base se encurvava e pelas rasas

Planuras abatia em torva espuma.

Fitei o olhar: já não se viam casas;

Dobravam-se as colinas, uma a uma.

 

                                       Dobravam-se aos galões, como o possante

                                       Oceano em seu vaivém, quando onda após

                                       Onda balouça; e eu era tão distante

                                       Que, parado, te via andar veloz;

                                       Dos homens nem a sombra lá no fundo;

                                       Só tu ganharas ser e, em vez de nós,

                                       Caminhavas agora sobre o Mundo.

 

Caminhavas ligeira, que eu bem via,

E, quanto mais as asas me libravam,

Mais fundo o olhar no abismo se embebia

E as coisas mais a custo se enxergavam.

E, ao baloiçar violento no vazio,

Eram as velas brancas que acenavam

Duma varanda em pé - o azul do Rio.

 

                                        De súbito caí num desses poços

                                        Do ar, e vi teu vulto milenário

                                        Dum tom sangrento, a carne sobre os ossos

                                        Como o rosto de Cristo no sudário;

                                        E tu, crucificada na amplidão,

                                        — Cada colina em sangue era um Calvário,

                                        ­Sofrias sete vezes a Paixão!

 

Vi-te com fundos golpes lacerada

Pela dor, pelo tempo que destrói:

O Castelo sem paço, a Sé tombada,

A Ribeira sem naus (como isto dói!);

Era o Carmo em ruína um mausoléu,

Que destaparam para ver o Herói

E, trágico, ficou de ossos ao léu!

 

                                        Baixei o olhar entre o Castelo e o Carmo

                                        E d'aí ao Terreiro, e logo veio

                                        Não sei que frio súbito gelar-mo;

                                        Cortam-te sulcos hirtos pelo meio,

                                        E bem se vê, de fundos, quem os fez:

                                        Da praça aos cinco golpes do teu seio

                                        Gravam-se a palma e os dedos do Marquês.

 

Como antigas ossadas de gigantes,

Vi o mosteiro e a torre de Belém;

E, em baixo, pela praia, os mareantes,

Levando uma ave enorme para o vau,

Agitavam-se inquietos, como dantes,

Ao desfraldar as velas duma nau.

 

                                        E sob um arco de triunfo aberto

                                        (Via-se à barra o arco da Aliança)

                                        Encarnando o fantasma do Encoberto,

                                        Em corpo de saudade e de esperança,

                                        Sopro de luz, de vento e azul etéreo,

                                        Larguei à desfilada, erguendo a lança

                                        Pelas planícies desse Quinto Império.

 

E ao longe o vulto, eu bem te vi erguê-lo.

Oh! Lisboa dos Mares, de monte a monte,

Desde o Castelo à praia do Restelo;

Poisaram-te Os Lusíadas defronte,

Sonhavas o que foste, mas não és:

Então tocaste as nuvens com a fronte

E o Tejo, manto azul, caiu-te aos pés 

Segui e à beira d'água, mais além,

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Viva Lisboa: Eu amo Lisboa
publicado por Vítor Marceneiro às 18:00
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