Nasceu em Monção, no Minho, a 28 de Setembro de 1915.
Filha de gente humilde teve que partir ainda nova, para a capital a ganhar a vida.
Trabalha a servir às mesas, e foi no Restaurante da Bica onde Márcia Condessa, na altura trabalhava, que por vezes, davam sessões de Fado, e Márcia que tinha uma voz muito bonita, era desafiada para cantar Fados, cantava também canções galegas, que tinha aprendido quando ainda miúda lá em Monção.
O jornal "Canção do Sul", em 1938, organiza um concurso de Fados, o “Concurso da Primavera”, embora ela não fosse da Bica, mas como era lá que trabalhava, os habitantes do bairro convenceram-na a participar em representação do Bairro da Bica. Márcia Condessa aceita o desafio, conseguiu passar nas eliminatórias e chega às finais.
Cada concorrente tinha que interpretar dois temas, um era obrigatório ser Fado clássico , mas o outro podia ser fado canção.
No espectáculo para encontrar o vencedor, Márcia Condessa ganha o 1º prémio, por unanimidade. O prémio passava por atribuir o título de «Rainha do Fado - 1938». Foi muito elogiada pelos seus dotes, quer de dicção, quer pela expressão “sentimento” que deu na sua actuação.
Com este estrondoso êxito, passa a cantar profissionalmente quer em casas de fado, quer em espectáculos. Teve várias deslocações ao estrangeiro, no Brasil, esteve cerca de oito meses, integrada numa companhia de teatro, conjuntamente com Irene Isidro, António Silva e Ribeirinho.
Em 1950, abre o seu próprio restaurante típico, ficava no Nº 38 da Praça da Alegria, a que dá o nome “A Casa da Márcia Condessa”.
Márcia Condessa consegue uma licença especial para estar aberta até às 5 da madrugada, o que lhe proporciona ter um local para onde aflui grande parte quer de clientes, quer de fadistas, após o fecho das outras casas de fado, que encerravam cerca das 3 horas da madrugada.
Copo de Recordação do Restaurante Típico
A Casa da Márcia Condessa, torna-se um ponto de referência nos circuitos dos mais variados fadistas e seguidores do Fado.
Para além das actuações de Márcia, passaram por aquele espaço a grande maioria dos fadistas da época, Celeste Rodrigues, Alcindo Carvalho, Teresa Nunes, Fernando Farinha, Beatriz da Conceição, Toni de Matos, o meu pai Alfredo Duarte Júnior, etc.
Meu avô, Alfredo Marceneiro, foi decerto o que mais se destacou, nutria por ela grande amizade, que era recíproca, já ninguém desconhecia que era por lá que ele acabava a sua noite fadista.
A grande maioria dos admiradores de Fado e de Marceneiro, sabiam que era quase certo ali o iriam encontrar e terem o prazer de ouvir cantar.
Acompanhei-o muitas vezes e assisti a grandes noites de Fado naquele simpático retiro. Guardo da Márcia Condessa recordações da sua simpatia e boa disposição, e em especial, o carinho que sempre me dedicou.
Nos últimos anos antes de fechar a casa o que aconteceu em 1970, já era muito raro ouvi-la cantar.
Em 1980 esteve presente no S. Luís, quando da entrega da medalha de ouro da cidade de Lisboa, a meu avô, para homenageá-lo.
Não fez muitas gravações, mas embora poucas, para o êxito que teve, algo de bom ficou para a recordar-mos.
Entrou de sua livre vontade para a “Casa do Artista”, para não se sentir só.
Márcia Condessa faleceu a 1 de Julho de 2006. A seu pedido o seu funeral realizou-se na sua terra natal, em Monção.