Os seus poemas têm sido gravados, e são cantados todas as noites, pelas mais diferentes vozes, dos consagrados, quer de profissionais como os amadores.
Entre os inúmeros músicos que compuseram para os seus poemas, saliente-se José Fontes Rocha que muito admirava e que, Mário Rainho afirma: "com tantas geniais músicas vestiu os meus versos".
A formação de Mário Rainho foi feita na vivência fadista, mas passa também pelos estudos que realizou nas ordens religiosas Dominicana, Franciscana, e Jesuíta. Talvez por isso tenha escrito, para Fernando Maurício, falecido em Julho de 2003, um dos grandes nomes que mais o marcou, seu companheiro de várias fadistagens e amigo, esta quadra:
Cada verso é uma oração
Um Padre Nosso rezado
E na minha Confissão
Vão as rimas do meu fado
Profissionalmente destaca-se com os poemas que escreveu para fados e canções; a estreia como autor teatral no Teatro Villaret, com a revista “Ora Bate, Bate Manso”; como co-autor com Henrique Santana, Eduardo Damas e Carlos Ivo da revista “Quem Tem ECU Tem Medo”, no Teatro Maria Vitória; autor, com Francisco Nicholson, Nuno Nazareth Fernandes, Gonçalves Preto e Marcelino Mota, da revista “Lisboa Meu Amor” no Teatro ABC, bem como a revista “Mamã Eu Quero”. Voltando ao Teatro Maria Vitória, foi autor e chefe de parceria das seguintes revistas: “Ora Bolas Pró Parque”, “Aqui Há Muitos, Gatos”, “Ó Trolaré, Ó Troilará” e “Tem a Palavra a Revista”.
A partir de 2000 foi co-autor, chefe de parceria e encenador das revistas: “2001, Odisseia no Parque”, autor único, “Lisboa Regressa ao Parque”, “Vá P’ra Fora ou Vai Dentro”, “Arre Potter que É Demais!” e “A Revista É Linda!”. Em 2010 foi co-autor com Francisco Nicholson da Revista "Vai de em@il a Pior". No que toca à televisão, foi co-autor dos programas: “Quem Casa Quer Casa!”, “Ora Bolas Marina”, “Marina Dona Revista” e “Bora lá Marina”.
Escreveu ainda, em parceria com Filipe La Féria, para a RTP, o programa televisivo “Cabaret”.
Como poeta, Mário Rainho é cantado por nomes do fado e da música ligeira como Ada de Castro,Alice Pires, Ana Moura,Anita Guerreiro,António Zambujo, Beto, Carlos Zel, Cidália Moreira, Fernando Maurício, Filipa Cardoso, Joana Amendoeira, Jorge Fernando, José Manuel Barreto,Lenita Gentil, Mafalda Arnauth, Marco Oliveira, Maria Armanda, Maria da Fé,Maria da Nazaré,Mariza, Raquel Tavares,Ricardo Ribeiro, Rodrigo, Vasco Rafael, entre muitos outros.
Em 1999, foi distinguido como melhor autor com o Prémio Pateota, no mesmo ano, ainda, recebe as Máscaras de Ouro do Teatro Ligeiro. Em 2001 volta a ser considerado o melhor autor e distinguido de novo com o Prémio Pateota. Pelo seu trabalho, foi o primeiro poeta vivo, a ser homenageado pela Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa e pela Câmara Municipal de Lisboa. Em Novembro de 2006 recebeu, no Teatro São Luiz, o prémio Melhor Poeta do Ano da Fundação Amália Rodrigues. Em 2007 faz direcção de actores na série O Quinto Poder para a Rede Record produzida pela ProImage 7.
In: Programa da II Gala dos Prémios Amália Rodrigues e Wikipédia
A VOZ DA AMÁLIA
Poema de Mário Rainho
Nossa Senhora do Fado
Chamou-te Ary com ternura.
Já não estás ao nosso lado
"Ó meu limão d'amargura"!
Mas que nome te hei-de dar?
- "Ao poeta perguntei" -
"Gaivota", ou "Canção do Mar"?
"Não sei, não sabe ninguém"!
Partiu e deixou-nos sós,
A voz d'Amália.
Da terra subiu aos céus
A voz d'Amália.
Partiu mas ficou em nós
A voz d'Amália.
Partiu sem dizer adeus,
"Foi por vontade de Deus"…
Ai! A voz d'Amálial
"Se uma gaivota viesse"
Do céu, em desassossego,
O desenho que fizesse
Talvez fosse um barco negro.
Onde à proa a tua voz,
Que ao cais de outrora se amarra,
Talvez chorasse por nós:
"Meia-noite e uma guitarra".