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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Terça-feira, 20 de Outubro de 2009

Maria Cesária - Cesária de Alcântara

 

 MARIA CESÁRIA, figura mítica do Fado oitocentista, ignora-se a data de nascimento e morte da cantadeira, e mesmo o seu nome de baptismo completo, apenas se sabendo que seria efectivamente Maria.

Residente no bairro de Alcântara ali trabalha­va numa fábrica como engomadeira. Inicialmente companheira de um fadista local, terá acabado por" o trocar por José Cesário Sales, canteiro, ho­mem de algumas posses e talento na sua profissão, filho de Francisco Sales, proprietário de uma im­portante oficina de cantaria em Lisboa. Desta li­gação terá resultado o Maria do Cesário e daí Ma­ria Cesária. Ficando igualmente conhecida como Mulher de Alcântara.

Tão famosa quanto Maria Severa, proferia as palavras com receio e trajava de modo simples,  re­cusando ousadias e vestes originais. Era normal­mente acompanhada pelo guitarrista Carreira.

Se­gundo as crónicas, a qualidade da sua voz era equiparável à qualidade da sua memória, dando Tinop notícia de inúmeros desafios em que terá participado, nomeadamente com uma rival sua, Luzia a Cigana, alguns dos quais durariam dois e três dias de Fados e comezainas.

Terá sido bastante famosa nas décadas de 60 e 70 do século XIX, tendo o guitarrista Ambró­sio Fernandes Maia composto um Fado que lhe dedicou, o Fado da Cesária ou Fado de Alcântara.

Cesária foi a figura central da opereta com o mesmo nome, escrita por Lino Ferreira, Silva Ta­vares e Lapa Lauer e musicada por Filipe Duarte, que subiu à cena no Teatro Apolo em 1926.

Nota: Desconhece-se a existência de alguma foto da Cesária, a imagem em cima, representa uma mulher fadista do século XIX

 

Na opereta "Mouraria", a Cesária  foi recordada:

 

Fado da Cesária

 

Tanto a desgraça me alcança

que já me sinto cansada,

da vida que não se cansa

de me tornar desgraçada.

 

                                              E como o Fado alivia

                                              as mágoas que a gente sente,

                                              eu minto à minha agonia,

                                              noite e dia,

                                              cantando constantemente.

 

Refrão

 

Foi um beijo venenoso,

demorado,

langoroso,

que perversa me tornou.

E eu faço o que me fizeram,

pois ninguém foge ao seu fado;

— Foi a mentir que mo deram,

 é a mentir que eu os dou...

 

                                              Aquele a quem dei a vida

                                             e o que eu tinha de mais meu,

                                             hoje chama-me perdida

                                             mas não diz quem me perdeu.

 

É por isso que no Fado

a minha alma se desgarra,

pois esqueço o meu passado,

torturado,

quando chora uma guitarra.

 

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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
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Segunda-feira, 8 de Outubro de 2007

CESÁRIA - MARIA CESÁRIA - CESÁRIA DE ALCANTARA

Mulher fadista século XIX

 

MARIA CESÁRIA

Figura mítica do Fado oitocentista, ignora-se a data de nascimento e morte da cantadeira, e mesmo o seu nome de baptismo completo, apenas se sabendo que seria efectivamente Maria.

Residente no bairro de Alcântara ali trabalha­va numa fábrica como engomadeira. Inicialmente companheira de um fadista local, terá acabado por" o trocar por José Cesário Sales, canteiro, ho­mem de algumas psses e talento na sua profissão, filho de Francisco Sales, proprietário de uma im­portante oficina de cantaria em Lisboa. Desta li­gação terá resultado o Maria do Cesário e daí Ma­ria Cesária. Ficando igualmente conhecida como Mulher de Alcântara.

Cantava para toureiros, boleeiros, operários, prostitutas, rufiões, fidalgos e burgueses, à custa do neo-romantismo instituído. Constituíam aqueles uma massa amorfa, que à luz mortiça do petróleo, ou mais tarde à luz branca do gás, escorreram seus deleites nas tabernas dos bairros pobres e castiços de Lisboa, gemendo e batendo o Fado.

Fado Corrido, de 1870, foi cantado na presença da Cesária ou por ela própria:

Os teus braços são cadeiras

Mais duras que o próprio aço:

Já me tens presa, cativa

Só te falta dar o laço!

  

                                     Não sei qual pena é maior,

                                     Qual é mais de lastimar,

                                     Se ver um homem morrer,

                                     Se ver um homem chorar!

Tão famosa quanto Maria Severa, proferia as palavras com receio e trajava de modo simples,  re­cusando ousadias e vestes originais. Era normal­mente acompanhada pelo guitarrista Carreira.

Se­gundo as crónicas, a qualidade da sua voz era equiparável à qualidade da sua memória, dando Tinop notícia de inúmeros desafios em que terá participado, nomeadamente com uma rival sua, Luzia a Cigana, alguns dos quais durariam dois e três dias de Fados e comezainas.

Terá sido bastante famosa nas décadas de 60 e 70 do século XIX, tendo o guitarrista Ambró­sio Fernandes Maia composto um Fado que lhe dedicou, o Fado da Cesária ou Fado de Alcântara.

Cesária foi a figura central da opereta com o mesmo nome, escrita por Lino Ferreira, Silva Ta­vares e Lapa Lauer e musicada por Filipe Duarte, que subiu à cena no Teatro Apolo em 1926.

 

 © Vítor Duarte Marceneiro

 

 

 

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