Maria da Nazaré Martins, nasceu no Barreiro no dia 9 de Fevereiro de 1946.
Aos 12 anos veio com a mãe para Lisboa, passaram a habitar no Bairro de Campo de Ourique.
O Fado estava-lhe na alma, começa a cantar muito cedo nos serões de amigos, em colectividades e mais tarde é integrada nas sessões para trabalhadores organizadas pela FNAT. (Actual INATEL)
Nos anos sessenta, venceu por duas vezes a Grande Noite do Fado, que era organizada pela casa da imprensa no Coliseu.
Corria o ano de 1963 com 17 anos de idade, foi contratada pela Emissora Nacional. Percorreu o país a cantar em “embaixadas de artistas” que actuavam ao vivo nos teatros das localidades, nos chamados serões para trabalhadores, que também eram transmitidos pela via rádio pela EN.
Editou vários discos a solo, mas também em colaboração com o cavaleiro José Mestre Batista e Fernando Farinha.
A sua vida artística tem-na levado a percorrer vários pontos do globo, Brasil, Angola, Moçambique, Grande Bretanha, Bélgica, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Espanha, onde a todos eles levava um pouco desta música que percorre as ruas Lisboa.
Em Portugal tem actuado em espectáculos por todo o país, e tem várias actuações no Casino do Estoril, Expo 98, Centro Cultural de Belém, assim como também já fez vários programas em televisão
Foi artista contratada nas mais prestigiadas casas de Fado, no Arreda em Cascais, na Taverna do Embuçado, no Lisboa à Noite, Senhor Vinho, Clube de Fado e actualmente está há cerca de seis anos no Bacalhau de Molho.
Gravou vários discos a que deu os títulos:
Cada um para seu lado
Lá vai ele atrás de ti
Saudades tenho-as aos montes
Meu grande, grande amor
Ser Fadista
Em 2013 foi galardoadad na VII Gala Amália com o Prémio de Intérprete
Conheço a Maria da Nazaré desde muito jovem, eu e a toda a minha família nutrimos uma grande estima e amizade pela Maria da Nazaré, o meu avô gostava imenso de ouvir cantar, afirmou várias vezes que a Maria era para ele, a mulher que melhor cantava o Fado Menor.
Conheço também uma sua filha, a Joana Cruz, que também canta muito bem o Fado, embora não faça neste momento profissão a cantá-lo. Sou também amigo de há muitos anos de seu pai, conhecemo-nos no Bacalhau de Molho do tempo do Álvaro, e posso dizer-vos que é uma jovem com muito mérito.
Poema da autoria de Maria da Nazaré, em que nos transmite, porque canta o Fado.
CANTO PORQUE CANTAR O FADO
É CANTAR A COMPLEXIDADE DOS SENTIMENTOS
QUE ANIMAM O CORPO E A ALMA.
CANTO PORQUE CANTAR O FADO É CANTAR O AMOR,
INCONDICIONALMENTE
DEDICADO A ALGO OU ALGUÉM.
CANTO PORQUE CANTAR O FADO É CANTAR O CIÚME,
SENTIMENTO FUNDAMENTAL E SEMPRE PRESENTE QUANDO SE AMA.
CANTO PORQUE CANTAR O FADO É CANTAR O MEU PAÍS,
AS GENTES E A SUA CULTURA,
PORQUE CANTAR O FADO É EXPRIMIR
O SONHO E A DOR DO OUTRO,
O SONHO E A DOR DE QUEM CANTA,
PORQUE CANTAR O FADO É EXORCIZAR A ALMA DO MEU PAÍS.
CANTO PORQUE CANTAR O FADO É CANTAR OS CHEIROS E OS OLHARES,
AS ALEGRIAS E AS TRISTEZAS QUE PERCORREM
AS RUAS E VIELAS DE LISBOA,
ONDE MORA O FADO,
AS RUAS E VIELAS QUE PALMILHO DESDE MENINA.
CANTO PORQUE CANTAR O FADO É CANTAR A MOURARIA,
A ALFAMA E O ALTO DE PINA,
É CANTAR A MADRAGOA E O CAMPO DE OURIQUE.
PORQUE CANTAR O FADO É CANTAR A SAUDADE.
CANTO PORQUE CANTAR O FADO É CANTAR
A SAUDADE FEITA CANTO.
POR ISSO CANTO, POR ISSO AINDA SONHO CANTANDO.
Maria da Nazaré canta:
Quem me dera ser o Fado
Letra de Rui M.J. Oliveira
Música: Fado Versículo de Alfredo Marceneiro