Maria Teresa do Carmo de Noronha Guimarães Serôdio (Paraty), tratada carinhosamente por (Baté) pelos íntimos, (1918 – 1993). Nasceu em Lisboa, onde passa a sua infância, vindo a tornar-se Condessa de Sabrosa pelo seu casamento com o Conde José António Barbosa de Guimarães Serôdio, grande admirador do Fado, e guitarrista com uma sensibilidade fora do comum. Com voz bem timbrada, e decidida aptidão para interpretar o Fado, desde muito cedo cantava nas festas de família e de amigos. Com a sua visita aos retiros de Fado passa a tornar-se conhecida a sua expressão artística, e a ganhar muitos admiradores autênticos, entre os conhecedores do Fado. Grava o seu o seu primeiro “single” com o título de "O Fado dos Cinco Estilos" em 1939. A Emissora Nacional, em 1938, convida Maria Teresa de Noronha, que acompanhada pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão, foi apresentada aos radiouvintes pelo locutor D. João da Câmara, sendo tal o êxito que foi convidada para um programa semanal de Fados e Guitarradas, que esteve no ar vinte e três anos. Fados como “Fado da Verdade”, “Fado Hilário” e “Fado Anadia” e outros mais foram êxitos que muito agradaram ao grande público, assim como outros fados do seu repertório: Nosso Fado, Os Teus Olhos, Fado Menor e Maior, Minhas Penas, Choro Cantando, Fado Rita, Gosto de TI Quando Mentes, Minha Cruz, Fado Antigo, Mentira, Mouraria Antiga, O Vento, Fado Pinóia, Pintadinho, Pombalinho, Fado Hilário, Quatro Versos, Fado Alexandrino, Desengano, Sou Feliz, Canção Duma Tricana, Rosa Enjeitada, Minha Dor, Mouraria, Sina, Cantigas de Amor-Saudade e Mataram a Mouraria, Loucura em Loucura, etc. Abandona a Emissora Nacional mas não deixa de cantar, continuando a fazê-lo em privado. De entre as suas actuações no estrangeiro, destaca-se em 1946 a sua deslocação a Espanha, por ocasião do Festival da Feira do Livro de Barcelona, e ainda Madrid, a convite do Governo espanhol, para actuar no Hotel Ritz, onde teve um êxito estrondoso. Ainda em 1946 vai ao Brasil e é igualmente muito apreciada. Actuou no Principado de Mónaco para Grace e Rainier. Em 1964 desloca-se a Londres para actuar na BBC. A sua dicção perfeita, a sua maneira de se expressar, tornou-a criadora de um estilo muito próprio, que fez escola. Um dos seus poetas preferidos foi D. António de Bragança, autor do Fado da Verdade, Saudade das Saudades, Folhas Caídas e o Fado das Horas, cuja letra é a seguinte:
Chorava por te não ver...
Por te ver eu choro agora,
Mas choro só por querer,
Querer ver-te a toda a hora!
Deixa-te estar a meu lado
E não mais te vás embora
P´ra o meu coração, coitado,
Viver na vida uma hora!
Passa o tempo de corrida;
Quando falas eu te escuto.
Nas horas da nossa vida
Cada hora é um minuto!
Quando estás ao pé de mim
Sinto-me dona do Mundo,
Mas o tempo é tão ruim...
Tem cada hora um segundo!
Com Alfredo Marceneiro, o marido D. António Saborosa, Lucilia do Carmo e Alfredo de Almeida, na "Adega da Lucília" - "O FAIA".
Maria Teresa de Noronha
Canta Quadras Soltas de Silva Tavares na música do Fado Corrido
Raúl Nery fala de Maria Teresa de Noronha
A primeira vez que ouvi cantar Maria Teresa de Noronha foi nas festas que se faziam frequentemente em Alcochete, organizadas pelo José André, pai do Vítor Pavão dos Santos. Ela cantava então com o Fernando Pinto Coelho e o Abel Negrão, um guitarrista muito antigo, já desaparecido. O Pinto Coelho não era profissional, mas os dois tocaram com ela durante muito tempo. Depois o Negrão foi substituído pelo Santos Moreira, que mais tarde acompanhou a Amália. Em determinada altura, o Pinto Coelho precisou de ser substituído, e em 1944 Maria Teresa de Noronha convidou-me para acompanhá-la, por intermédio do seu namorado (e futuro marido) José António Sabrosa. Mais tarde, é convidada para uma actuação de 15 em 15 dias na Emissora Nacional. E ali tocámos até 1963. A longa permanência da Maria Teresa de Noronha na Emissora Nacional deve-se a ela não cantar em mais lado nenhum. A Emissora tinha todo o interesse em ter uma artista da craveira dela. Em geral as gravações eram da parte da tarde. Para todos os programas fazíamos um, dois ensaios. Ela gostava de preparar muito bem os números. Os fados que cantava, os fados que não conhecia… Eu é que lhe indicava os fados mais antigos, que depois trabalhava à sua maneira, e às vezes pegava e modificava fados que estavam postos de parte e que ninguém cantava. Fados que depois de gravados e editados voltaram a ser cantados. Normalmente abríamos com uma guitarrada e depois um fado. Depois mais um fado, outra guitarrada, e outro fado. Tudo acabou em 1963. Nesse dia calhou estar em estúdio, para além do Joaquim do Vale, o meu conjunto de guitarras, com quem eu também fazia uma emissão de 15 em 15 dias. E a partir daí ela não cantou mais. As pessoas disseram: “Mas então a Maria Teresa está a cantar tão bem, está no seu melhor, agora é que vai parar?”, ao que ela respondia: “Não, eu quero ir embora. Eu. Não quero que as pessoas me mandem embora.” No entanto, nesse ano fomos ainda ao Brasil, com o meu conjunto e o Joaquim do Vale, que ela não dispensava, a propósito da inauguração de duas ligações da TAP, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por fora dos espectáculos apareciam sempre amigos e familiares que moravam lá: nos dias em que não havia espectáculos passávamos a vida a ir tocar às casas particulares. Fomos ainda a Inglaterra, a convite do embaixador. Fizemos um programa de televisão com uma orquestra enorme, e eles ficaram impressionadíssimos por conseguirmos acompanhá-los. A Teresa de Noronha parava quando queria mas fazia tudo tão certo que eles não percebiam como era possível…
Podia ter tido uma grande carreira internacional, mas não quis, apesar de inúmeros convites. Mesmo estas viagens não faziam parte de nenhuma estratégia, eram apenas convites particulares que ela aceitava por um pequeno cachet, ou até cachet nenhum. Ela era muito simpática e muito cordial, mas sempre um pouco afastada das pessoas, embora frequentasse algumas casas de fado. Por exemplo, em geral ia jantar muito ao Faia, que era a casa da Lucília do Carmo e do seu filho Carlos do Carmo, e pediam-lhe para cantar. Preparavam-se as coisas de modo a que estivesse lá o Alfredo Marceneiro, que ela gostava muito de ouvir, e que por sua vez era um grande admirador dela. O seu marido tocava – não era profissional, mas tinha o seu estilo, uma certa garra – e arranjavam-se ali uns momentos de fado especiais quando já era final da noite. Que, como sabemos, são sempre os melhores momentos, porque até aí toca-se para os turistas.
Há uma coisa de que eu discordo totalmente e que algumas pessoas afirmam existir: o “fado aristocrático”. Não sei o que é isso. A Teresa de Noronha cantava muito bem, principalmente os fados antigos - o corrido, o menor, o Mouraria, dois tons, os castiços… -, mas porque nasceu com ela, não por ser uma aristocrata. Ela improvisava, modificava, trabalhava muito as melodias, e daí nasciam coisas diferentes. Estilava muitíssimo bem, tinha um cuidado muito especial em preparar as actuações. Ela e a Amália são as maiores fadistas. E não posso dizer que uma seja melhor que a outra.
Sinto falta da Teresa de Noronha. Não era uma pessoa imitável.
E não deixou descendentes.
OS TEUS OLHOS
Letra de Maria da Graça F. Amaral
Música de Carlos da Maia
Por esse mundo de Cristo
Há olhos grandes aos molhos
Mas em nenhuns tenho visto
A grandeza dos teus olhos
Dizes que para estar comigo
Não galgas montes nem escolhos
Guarda as palavras contigo
Deixa falar os teus olhos
E se me levar a morte
Por sua estrada de abrolhos
Que pena não ter a sorte
De ver chorar os teus olhos
Maria Teresa do Carmo de Noronha Guimarães Serôdio (Paraty), tratada carinhosamente por (Baté) pelos íntimos, (1918 – 1993).
Nasceu em Lisboa, onde passa a sua infância, vindo a tornar-se Condessa de Sabrosa pelo seu casamento com o Conde José António Barbosa de Guimarães Serôdio, grande admirador do Fado, e guitarrista com uma sensibilidade fora do comum.
Com voz bem timbrada, e decidida aptidão para interpretar o Fado, desde muito cedo cantava nas festas de família e de amigos. Com a sua visita aos retiros de Fado passa a tornar-se conhecida a sua expressão artística, e a ganhar muitos admiradores autênticos, entre os conhecedores do Fado.
Grava o seu o seu primeiro “single” com o título de "O Fado dos Cinco Estilos" em 1939.
A Emissora Nacional, em 1938, convida Maria Teresa de Noronha, que acompanhada pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão, foi apresentada aos radiouvintes pelo locutor D. João da Câmara, sendo tal o êxito que foi convidada para um programa semanal de Fados e Guitarradas, que esteve no ar vinte e três anos.
Fados como “Fado da Verdade”, “Fado Hilário” e “Fado Anadia” e outros mais foram êxitos que muito agradaram ao grande público, assim como outros fados do seu repertório: Nosso Fado, Os Teus Olhos, Fado Menor e Maior, Minhas Penas, Choro Cantando, Fado Rita, Gosto de TI Quando Mentes, Minha Cruz, Fado Antigo, Mentira, Mouraria Antiga, O Vento, Fado Pinóia, Pintadinho, Pombalinho, Fado Hilário, Quatro Versos, Fado Alexandrino, Desengano, Sou Feliz, Canção Duma Tricana, Rosa Enjeitada, Minha Dor, Mouraria, Sina, Cantigas de Amor-Saudade e Mataram a Mouraria, Loucura em Loucura, etc.
Abandona a Emissora Nacional mas não deixa de cantar, continuando a fazê-lo em privado.
De entre as suas actuações no estrangeiro, destaca-se em 1946 a sua deslocação a Espanha, por ocasião do Festival da Feira do Livro de Barcelona, e ainda Madrid, a convite do Governo espanhol, para actuar no Hotel Ritz, onde teve um êxito estrondoso.
Ainda em 1946 vai ao Brasil e é igualmente muito apreciada.
Actuou no Principado de Mónaco para Grace e Rainier.
Em 1964 desloca-se a Londres para actuar na BBC.
A sua dicção perfeita, a sua maneira de se expressar, tornou-a criadora de um estilo muito próprio, que fez escola.
Um dos seus poetas preferidos foi D. António de Bragança, autor do Fado da Verdade, Saudade das Saudades, Folhas Caídas e o Fado das Horas, cuja letra é a seguinte:
Maria Teresa de Noronha
canta: Saudades das Saudades
autores: D. António Bragança/J.A. Saborosa
Com Alfredo Marceneiro, o marido D. António Saborosa, Lucilia do Carmo e Alfredo de Almeida, na "Adega da Lucília" - "O FAIA".
Maria Teresa de Noronha canta "Avé Maria Jesus"
Maria Teresa do Carmo de Noronha Guimarães Serôdio (Paraty), tratada carinhosamente por (Baté) pelos íntimos, (1918 – 1993).
Nasceu em Lisboa, onde passa a sua infância, vindo a tornar-se Condessa de Sabrosa pelo seu casamento com o Conde José António Barbosa de Guimarães Serôdio, grande admirador do Fado, e guitarrista com uma sensibilidade fora do comum.
Com voz bem timbrada, e decidida aptidão para interpretar o Fado, desde muito cedo cantava nas festas de família e de amigos. Com a sua visita aos retiros de Fado passa a tornar-se conhecida a sua expressão artística, e a ganhar muitos admiradores autênticos, entre os conhecedores do Fado.
Grava o seu o seu primeiro “single” com o título de "O Fado dos Cinco Estilos" em 1939.
A Emissora Nacional, em 1938, convida Maria Teresa de Noronha, que acompanhada pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão, foi apresentada aos radiouvintes pelo locutor D. João da Câmara, sendo tal o êxito que foi convidada para um programa semanal de Fados e Guitarradas, que esteve no ar vinte e três anos.
Fados como “Fado da Verdade”, “Fado Hilário” e “Fado Anadia” e outros mais foram êxitos que muito agradaram ao grande público, assim como outros fados do seu repertório: Nosso Fado, Os Teus Olhos, Fado Menor e Maior, Minhas Penas, Choro Cantando, Fado Rita, Gosto de TI Quando Mentes, Minha Cruz, Fado Antigo, Mentira, Mouraria Antiga, O Vento, Fado Pinóia, Pintadinho, Pombalinho, Fado Hilário, Quatro Versos, Fado Alexandrino, Desengano, Sou Feliz, Canção Duma Tricana, Rosa Enjeitada, Minha Dor, Mouraria, Sina, Cantigas de Amor-Saudade e Mataram a Mouraria, Loucura em Loucura, etc.
Abandona a Emissora Nacional mas não deixa de cantar, continuando a fazê-lo em privado.
De entre as suas actuações no estrangeiro, destaca-se em 1946 a sua deslocação a Espanha, por ocasião do Festival da Feira do Livro de Barcelona, e ainda Madrid, a convite do Governo espanhol, para actuar no Hotel Ritz, onde teve um êxito estrondoso.
Ainda em 1946 vai ao Brasil e é igualmente muito apreciada.
Actuou no Principado de Mónaco para Grace e Rainier.
Em 1964 desloca-se a Londres para actuar na BBC.
A sua dicção perfeita, a sua maneira de se expressar, tornou-a criadora de um estilo muito próprio, que fez escola.
Um dos seus poetas preferidos foi D. António de Bragança, autor do Fado da Verdade, Saudade das Saudades, Folhas Caídas e o Fado das Horas, cuja letra é a seguinte:
Chorava por te não ver...
Por te ver eu choro agora,
Mas choro só por querer,
Querer ver-te a toda a hora!
Deixa-te estar a meu lado
E não mais te vás embora
P´ra o meu coração, coitado,
Viver na vida uma hora!
Passa o tempo de corrida;
Quando falas eu te escuto.
Nas horas da nossa vida
Cada hora é um minuto!
Quando estás ao pé de mim
Sinto-me dona do Mundo,
Mas o tempo é tão ruim...
Tem cada hora um segundo!
Com Alfredo Marceneiro, o marido D. António Saborosa, Lucilia do Carmo e Alfredo de Almeida, na "Adega da Lucília" - "O FAIA".