RESPOSTA À LETRA ( de um português com "eles no sítio"
Portugal estava fragilizado com o rescaldo das invasões francesas e altamente endividado com os ingleses.
Os espanhóis, aproveitando-se dessa fraqueza, faziam pressões e exigências desmesuradas e inconcebíveis, o Marquês de Pombal opunha-se com firmeza às concessões exigidas imperiosamente pelo governo castelhano.
Dizendo firmemente, não, não e não, ao embaixador de Espanha.
— Muito bem — atalhou o embaixador. — Um exército de sessenta mil homens entrará em Portugal e fará...
— O quê? — perguntou o marquês sorrindo-se, com a tremenda luneta assestada e no tom mais indiferente.
Retorquio o embaixador.
— Fará entender a razão e a justiça das exigências de el-Rei, meu amo, a Sua Majestade e a vossa excelência! - redarguiu meia oitava acima o espanhol, supondo o ministro fulminado com tal impetuosidade -.
Sebastião José de Carvalho franziu as sobrancelhas, carregou a viseira e, cravando a vista e a luneta no diplomata, retorquiu-lhe friamente:
— Sessenta mil homens muita gente é para casa tão pequena, mas, querendo Deus, el-Rei, meu amo e meu senhor, sempre há-de achar onde possa hospedá-la. Mais pequena era Aljubarrota e lá couberam os que D. João de Castela trouxe. Vossa excelência pode responder isto ao seu governo e a el-Rei seu senhor.
E, levantando-se para despedir o embaixador, acrescentou:
— Bem sabe vossa excelência que pode tanto cada um em sua casa, que, mesmo depois de morto, são precisos quatro homens para o tirarem!
Vem também a propósito parte de um poema de Carlos Conde, cantado por Vítor Duarte Marceneiro:
POR BEM PODES ENTRAR
Se é de longe que tu vens
De um país onde se abraça
O amor, a fé a nobreza
Podes entar porque tens
Um abrigo em cada casa
Um lugar em cada mesa
Mas se trazes a divisa
De te impor de interceder
Por favor deixa-nos sós
O meu país não precisa
Que outros venha resolver
As discuções que entre nós
Diz ao mundo, grita aos sóis
Enches os céus da nossa glória
Num clarão vasto e fecundo
Que só com sangue de heróis
Portugal, ergueu história
Nas cinco partes do mundo