Casimiro Ramos, nasceu em Lisboa no bairro da Ajuda, a 16 de Fevereiro de 1901.
Começou desde novo a ouvir guitarradas, seu pai Francisco Ramos, tocava guitarra num conjunto de então, e ele e o irmão mais novo, o Miguel assistiam entusiasmados aos ensaios, e como diz o povo — Quem semeia colhe os frutos — e eles cedo começaram a gostar de música e a aprender, o Casimiro escolheu a guitarra e o Miguel a viola.
Esta família teve a alcunha de “Pinoia”, daí nasce o tema que mais tarde Casimiro Ramos compõe, O Fado Pinoia.
Começaram por tocar em verbenas e festas em colectividades, mas logo foram solicitados para actuarem em diversas casas de fado, no antigo Café Luso na década de trinta, fazendo parelha com o irmão Miguel Ramos.
Trabalhou em vários eventos com Adelina Ramos, donde nasceu uma grande amizade, ficando contratado, no Restaurante Típico, desta, A Tipóia, no bairro alto, onde se manteve por mais de 20 anos.
Em 1933 participa no filme “A Canção de Lisboa”, com Beatriz Costa e Vasco Santana. Em 1934, merece o destaque na primeira página da “Guitarra de Portugal” quando da sua ida ao Brasil, com Maria Albertina, onde já tinha actuado, fazendo então parelha com o violista Armando Silva, integrando o elenco da Companhia de José Loureiro, com Estevão Amarante, Adelina Abranches, Maria Alice, Maria Sampaio e Lina Demoel e o cantador Manuel Cascais.
Em Abril de 1934 os colegas e amigos organizam-lhe uma merecida festa de homenagem na Cervejaria Jansen, estiveram presentes, Maria Albertina, Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres, Maria Emília Ferreira, Joaquim Pimentel, Filipe Pinto, Artur Pinha, Alfredo Marceneiro com o seu irmão Júlio Duarte e a cunhada Leonor Duarte, entre outros grandes nomes da época.
Casimiro Ramos, era um homem solidário e amigo do seu amigo, organizava com frequência espectáculos de beneficência ou de homenagem a outros colegas, nunca descurando a defesa dos direitos dos artistas de Fado.
Meu avô Alfredo Marceneiro nutria por ele e pelo irmão uma grande amizade, que era retribuída, é neste convívio que nasce o Fado Margaridas (*), bem ao estilo de Marceneiro e que ele interpreta e grava.
Em 1938, na reabertura do recinto que par muitos foi uma «Catedral do Fado», o Solar da Alegria, sob a direcção artística de Filipe Pinto, Casimiro Ramos integra o conjunto dos músicos, guitarristas e violistas, ao lado de Armando Machado, Fernando Freitas e Martinho d´Assunção.
Casimiro fazia muitos espectáculos e gravações em parceria com o irmão violista, Miguel Ramos.
Na década de cinquenta , não só acompanhou inúmeros cantadores e cantadeiras de fado, com também gravou e fez espectáculos e digressões.
É autor de célebres composições musicais, a famosíssima variação à guitarra, “Nocturno”, são ainda de sua autoria: “Fado da Fé”, “Fado Maria Emília”, “Fado Pinóia”, “Fado Três Bairros”, "Fado Amélia Martins"; "Apolo"; "Rainha Santa"; "Terezinha"; "Alice", "Fado do Rio", "Lolita", entre outros. Musicalmente, as suas composições figuram em gravações de gerações de fadistas; Ada de Castro, Adelina Ramos, Alfredo Marceneiro, Alfredo Duarte Júnior, Carlos do Carmo, Fernanda Maria, Maria da Fé, Manuel de Almeida, Alice Maria, e muitos mais.
Casimiro Ramos faleceu em Lisboa, a 29 de Abril de 1973.
(*) O Fado Margaridas tanto é atribuída a sua autoria ao Casimiro Ramos como ao Miguel Ramos, com há quem pelo estilo que é muito “Marceneiro” por vezes também lhe atribuam a autoria. Esta discrepância já acontecia com eles em vida e nunca deu problema nem discussão, os direitos são pagos a quem está registado com o seu autor na SPA, Miguel Ramos.
Video-Clipe em que José Pracana toca
NOTURNO de Casimiro Ramos
Miguel Ramos, é o irmão mais novo de Casmiro Ramos, como acima se disse optou pela viola de fado, também foi (como o seu irmão) compositor de fados como Fado Alberto, Fado Margaridas (*), Veio a saudade, Fado Helena (Chico do cachené), Amor de mãe, Fado da Freira, etc.
Fado Alberto foi e ainda é um fado que muito inspira a criatividade dos poetas, por isso é ainda muito gravado existindo várias dezenas de gravações deste tema musical de fado.
Muitos dos seus fados foram compostos em parceria com o seu irmão, e vice-versa, levando a que a autoria de alguns desses fados, seja atribuída por vezes a um ou outro dos irmãos Pinóia, como aliás já referi sobre o Fado Margaridas.
Miguel Ramos tal como o irmão, era muito admirado e considerado, quer pelos fadistas, quer por violistas e guitarristas.
Ao longo da sua carreira, acompanhou grandes vozes do fado, tanto em casas de fado, como em espectáculos ou em gravação de discos.
(*) Lamento imenso mas não consegui mais dados sobre Miguel Ramos, pode ser que algum amigo ou familiar, queira compartilhar mais alguns dados, o que muito agradeço.
Fernanda Maria canta
no "Fado Alberto" o poema
"Não passes à minha rua" de Carlos Conde