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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Quinta-feira, 14 de Maio de 2015

ROSEBELLE FARIA PAIS

Rosebelle Serra Faria Pais, nasceu em Montemor-o-Novo e aí estuda até ingressar na Escola do Magistério Primário em Évora.

Aos 19 anos inicia a sua vida de professora do ensino oficial.

Colocada na região de Lisboa, exerceu em diversas escolas tendo-se efectivado alguns anos mais tarde, na escola da Malveira da Serra, onde esteve até solicitar a passagem à reforma, aos 54 anos.

Desde criança que adorava cantar. Na escola primária já se “notabilizava” pela facilidade, capacidade vocal e alguma originalidade com que interpretava as canções em voga , de Maria de Lourdes Resende , Júlia Barroso, Maria Clara, Milú e outras cançonetistas de grande popularidade na rádio e nos espectáculos de variedades, que então decorriam pelo país fora.  Colabora em quase todas as festas escolares, constituindo presença obrigatória.

Começa a interessar-se propriamente pelo fado, na altura que frequentava a Escola do Magistério Primário, o que lhe trás uma grande popularidade entre as colegas, pela maneira como “estilava” alguns fados. Uma composição muito apreciada na altura, que era “Oh tempo volta para trás”, que constituía o seu tema preferido na altura. Poucas pessoas do seu convívio de então, não se lembrarão ainda hoje como era irresistível ouvir o seu timbre de vós e o seu estilo muito próprio, na interpretação dessa canção “afadistada”. Por certo que a marcou também, porque daí para a frente, ela começa a seguir o fado com entusiasmo, sobretudo as actuações de uma grande fadista do panorama português, que era a Sr.ª D. Maria Teresa de Noronha. Decora as letras das suas canções, e sente uma grande afinidade com ela porque, o seu timbre de voz e a sua maneira de “estilar”, tinham algo de comum. Cantava o tema, “Rosa Enjeitada “ constituía um dos seus fados preferidos,  e um exercício de estilo, que ela adorava fazer.

Foi interessante sentir, que nesta primeira fase de apego ao fado, mesmo sem o suporte do acompanhamento da guitarra e da viola, pois cantava “à capela”, jamais o ouvi-la, deixou de transmitir momentos de grande emoção.

Uma noite ao comparecer num jantar de aniversário de um familiar, foi surpreendida pela entrada em cena de dois acompanhantes de fado, o guitarra Alcino Frazão e o viola Jorge Fernando. Foi talvez a primeira vez que cantou enquadrada com os sons instrumentais. Ficou encantada, mas ao mesmo tempo sentiu a limitação de uma liberdade de interpretar como habitualmente fazia. 

Depois passou frequentemente a cantar com guitarra e viola, já então como um complemento que achava indispensável à voz.

Os pedidos para participar em festas de amigos, festas de escolas, eventos do sociais do Ministério e organizações religiosas, eram frequentes. Ao mesmo tempo entrando num grupo de amigos, muito ligados ao gosto pelo fado, frequentava jantares, em variados restaurantes de Lisboa e Cascais, onde a pedido quase sempre cantava. No restaurante em Lisboa, denominado “Número Um”, era o que mais assiduamente frequentava. Os melhores amadores de Lisboa por aí passavam. Cantava-se o fado e nos intervalos todos se transformavam em cantores de modas alentejanas.

Gravou, exclusivamente para família e amigos, uma cassete e com os fados da sua preferência.

Faleceu prematuramente e quase inesperadamente, em Agosto de 2004.(*)

Biografia da autoria de seu marido Dr. Francisco Faria Pais

 

Rosebell Faria Pais

Canta: Não Sou Fadista de Raça

 

 

(*)

 

Deus levou-nos a Rosebell

Causou-nos muita mágua

Pôs uma estrela no céu

E uma saudade na terra

 

 

Conheci Rosebelle Faria Pais e o marido no final dos anos noventa, ficámos amigos, unia-nos o Fado e a admiração mútua.

Fui decerto o incentivador das suas idas ao "Número Um", onde tempos antes da sua morte prematura, nos encontrávamos-nos todas as quintas-feiras. Era sempre eu que a desafiava para cantar, e fazia questão de que ela cantasse primeiro, não por qualquer vedetismo, mas porque o seu cantar me inspirava. Foi sempre muito admirada e muito aplaudida, pois era reconhecido  que não imitava ninguém, pois era a sua voz natural, fazia-nos lembrar Maria Teresa de Noronha, com dignidade.

Era casada com  Francisco Faria Pais, médico e também artista, um dos seus  "hobbies" é fazer escultura em barro, um dia em que a Rosebell ainda estava entre nós,  presentearam-me com uma estatueta representando o meu avô e eu em miúdo, que guardo religiosamente.

Que saudades Rosebelle....

Vítor Marceneiro

 

Auguarelas da autoria do Dr. Francisco Faria Pais relebrando as noites de Fado no "NUMERO UM"

 

 

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
música: Não sou Fadista de Raça
Viva Lisboa: Que saudades
publicado por Vítor Marceneiro às 00:00
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