Começa por cantar fados e tangos como amador.
Fixou-se depois em Lisboa, foi atleta do clube de futebol Os Belenenses e em 1933 apareceu a cantar no Retiro da Severa (do Luna Parque), afirmando-se desde logo como um intérprete do fado, expressivo e de boa voz, que depressa se impôs no meio artístico da capital.
Em 1934 foi convidado para ir ao Brasil (Rio de Janeiro e S. Paulo) com alguns nomes consagrados do fado como Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres e Filipe Pinto, além de outros artistas (Branca Saldanha, Alberto Reis, Eugénio Salvador e Lina). Essa viagem determinaria, aliás, o futuro de Joaquim Pimentel, que em 1939 voltou ao Brasil para lá permanecer até 1946, ano em que regressou a Portugal e actuou no Teatro Avenida. Mas em 1947 parte uma vez mais e então para se radicar definitivamente naquele país.
Depois de largos anos de actuações em espectáculos, na rádio e na televisão do Rio de Janeiro, onde também praticou remo no Clube Vasco da Gama, Joaquim Pimentel instalou-se em S. Paulo, dedicando-se à exploração da Adega Lisboa Antiga, à Rua Brigadeiro Tobias, um restaurante típico por onde passaram os mais destacados artistas portugueses da canção.
Autor das músicas de parte dos números do seu reportório e também para outros artistas, Joaquim Pimentel cantou, entre outros, os fados Mulheres Há Muitas, Malmequer, Confissão, Não Penses Mais em Mim, A Freira, Duas Mortalhas, Deixa-me Só, O Teu Destino, O Melhor Amor, Por Que Razão, Coração?, O Amor Sempre Acontece, Saudade Não Vás Embora e Caçador de Mulheres.
Entre outras quero aqui recordar dois grandes êxitos para o repertório de Tony de Matos, “SÓ NÓS DOIS”, letra e música de sua autoria, e “VENDAVAL” em que o autor da música foi A. Rodrigues.
Faleceu no Brasil a 15 de Julho de 1978
© Vítor Duarte Marceneiro
Toni de Matos canta:
SÓ NÓS DOIS
SÓ NÓS DOIS
Só nós dois é que sabemos
O quanto nos queremos bem
Só nós dois é que sabemos
Só nós dois e mais ninguém
Só nós dois avaliamos
Este amor, forte, profundo...
Quando o amor acontece
Não pede licença ao mundo
Anda, abraça-me... beija-me
Encosta o teu peito ao meu
Esqueça o que vai na rua
Vem ser minha, eu serei teu
Que falem não nos interessa
O mundo não nos importa
O nosso mundo começa
Cá´dentro da nossa porta.
Só nós dois é que sabemos
O calor dos nossos beijos
Só nós dois é que sofremos
As torturas dos desejos
Vamos viver o presente
Tal-qual a vida nos dá
O que reserva o futuro
Só Deus sabe o que será.
António Maria de Matos ( Toni ou Tony de Matos), nasceu no Porto a 28 de Outubro de 1924.
Estreou-se em 1945 na Emissora Nacional no programa “ Hora de Variedades “ como cançonetista.
Fez teatro, cinema e esteve radicado algum tempo no Brasil, onde chegou a abrir em Copacabana o Restaurante “O Fados” Toni de Matos foi sem dúvida um cançonetista de rara sensibilidade e voz bonita, a suas interpretações fizeram vibrar corações, era um homem apaixonado e tinha indiscutivelmente uma alma bem fadista.
Em 1953 actua em Moçamedes.
Em 1955 fez parte de uma “embaixada” de artistas portugueses que foram actuar à Índia.
Grava o seu primeiro LP no Brasil em 1963
Na revista no Teatro ABC em 1968 na revista “Arroz de Miúdas” com Aida Baptista,, Carlos Coelho, Oscar Acúrcio, Delfina Cruz e Beatriz da Conceição, Toni de Matos canta um fado, que obteve um grande êxito - «O que sobrou da Mouraria».
Estreia-se no cinema em A Canção da Saudade (1964) de Henrique Campos, sendo ainda protagonista em Rapazes de Táxis (1965) de Constantino Esteves, O Destino Marca a Hora de Henrique Campos e Derrapagem (1972).
Toni de Matos era um homem que tinha muitos amigos e admiradores, pois tinha o dom natural de cativar quem com ele convivia.
Cantou canções, mas os fados que cantou, eram de alma fadista, e direi mais as canções que cantava, todas elas sabiam a Fado.
Alguns dos seus êxitos que nos ficarão na memória: Quando Cai uma Mulher; Só nós Dois; Romance Cigano; Quarto Alugado; Coitado do Zé Maria; Vendaval; Lugar vazio; De Homem para Homem; Fiz Leilão de Mim; Fado para dois: O Destino Marca a Hora; Trova do Vento que passa; Tu Sabes Lá; Maria do Céu; Vou Trocar de Coração; A Tal. Etc...
Faleceu em 1989, tendo a seu lado uma grande Senhora, Lídia Ribeiro, sua companheira de então.
Nota: Artur Ribeiro quando faz o poema A Rosinha dos Limões, oferece em primeira mão a Tony de Matos, que não gostou muito do tema, e não aceitou. Como se sabe, acabou por ser um êxito de sempre dos poemas de Artur Ribeiro, cantado por Max, e mais tarde Tony então grava o tema.
Toni de Matsos canta:
SÓ NÓS DOIS