Foto da capa do disco Vítor Duarte (Marceneiro) 1972
Gravei este Fado, no meu segundo EP em 1972, para a etiqueta Estúdio. Os versos tiveram que ser reduzidos por imposição das rádios e das editoras.
Foi gravado nos anos 30 por Alfredo Marceneiro, nos antigos discos de massa, infelizmente, nunca mais, foi com este poema que teve a inspiração para fazer a música a que deu o nome da própria letra, como era costume na época.
O Fado do Cravo, é um dos mais importantes, do role dos "Fados Clássicos", pois é das músicas que mais tem inspirado poetas a fazer versos especificamente na sua melodia.
O Fado Cravo também é conhecido por Fado da Viela, em consequência do poema que o Dr. Guilherme Pereira da Rosa fez para o repertório de Alfredo Marceneiro, e que ele interpretou como ninguém.
" FADO DO CRAVO"
Foi em noite de luar
Na noite de São João
Que eu te vi, óh! minha amada
No baile foste meu par
E dei-te o meu coração
Foste minha namorada
Andámos na roda os dois
E saltamos á fogueira
Meu peito era uma brasa
Findou o baile e depois
Foste minha companheira
Levei-te p´ra minha casa
Nessa madrugada santa
Por meu mal me deste um cravo
No lado esquerdo o guardei
Minha paixão era tanta
Fui do teu capricho escravo
Eterno amor te jurei
Foram dias decorrendo
Semanas, um ano feito
De amor eu tinha a fragrância
Mas o cravo murchecendo
Revelava que o teu peito
Não tinha a mesma constância
Numa noite, ao conhecer
Mentira no teu amor
De raiva desfiz o cravo
Não mais quis por ti sofrer
Deitei fora a murcha flor
Deixei de ser teu escravo