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Associação Cultural de Fado

"O Patriarca do Fado"
Sábado, 7 de Junho de 2014

VÍTOR DUARTE MARCENEIRO - Resposta a um inquérito

 

 

 

 

Pediram-me para um trabalho na Faculdade que respondesse a um inquérito.

Na realidade eu não sou a pessoa mais indicada para responder a este inquérito, visto não ser um “fadista/cantor/profissional.

A minha ligação ao Fado vem por herança de família, cantar pela primeira vez foi um devaneio, mas como vivi desde muito jovem ao lado do maior fadista de todos os temos , do qual sou o seu biógrafo, continuei a  investigar e relembrar os intervenientes que viveram o Fado, e por vezes gosto de cantar “talvez porque como diz o dito popular … filho de peixe sabe nadar.

E porque ainda continuo a escrever sobre o assunto, e a debater muitas teorias estas,  perguntas não têm muito a ver com a minha concepção sobre o Fado (*), mas vou tentar responder.

(*) Eu ecrevo Fado com letra grande.

 

Perguntas aos fadistas

  1. 1.    O que é para si o fado? Um estado de Alma
  2. 2.    Há quanto tempo canta? Há cerca de 45 anos
  3. 3.    Faz do fado profissão? Não
  4. 4.    O que sente quando canta fado? Depende do ambiente, quem toca e do comportamento de quem houve, se tudo se conjuga... Sinto-me feliz.
  5. 5.    Que géneros de música ouve? Jazz – Blues e Fado
  6. 6.    O fado além de música é... O poema
  7. 7.    Que tipo de fado canta? E o que canta é o que mais gosta de ouvir também? Fado clássico na música, no poema,  e o tema amor ou a critica social
  8. 8.    Como fadista, como define:

a)   Voz .. Não é o mais importante

b)   Viola .. O instrumento que marca o compasso

c)   Guitarra.. O instrumento que nos dá a melodia

d)   Vestido preto.. Sóbrio, e tem uma história que está deturpada

e)   Xaile.. Hoje em dia um adorno, que muita gente que o usa não sabe porquê

f)     O corpo como deve estar? Depende se é ensaiado ou se é uma forma de estar própria de cada um quando está a cantar/comunicar

  1. 9.    Porque é que acha que se liga sempre tristeza ao fado? É uma tese que estou  a aprofundar e não é assim tão linear.
  2. 10.                   Como surgiu a paixão pelo fado? Factor genético, influência de quem me criou.
  3. 11.                   Porquê o fado?  È uma expressão musical única no mundo.
  4. 12.                   Opta pelo preto no fado? Se não: porque acha que tanta gente opta por essa cor no fado? Eu não opto, mas há quem opte, mais as mulheres, mas outra formas de expressão musical também o usam, o  preto é sempre elegante.
  5. 13.                   Canta coisas suas próprias ou de outros fadistas conhecidos? Fados que me dizem algo do repertório de meu avô e de meu pai. Tenho vários Fados,  que foram feiro para mim, e  que  nasceram de uma empatia do poeta com a minha maneira de ser.
  6. 14.                   Qual o fadista que mais admira e porquê? Alfredo Marceneiro… meu avô e Alfredo Duarte Jr, mau pai, é óbvio, nos homens, nas mulheres, Amália, Beatriz da Conceição e Fernanda Maria, mas muitas mais.
  7. 15.                   “Pertence” a alguma casa de fado? Qual? Não
  8. 16.                   Que temas mais canta no fado? (saudade, ciúme, problemas sociais, religião, História de Portugal..) Conceitos, que engloba tudo o que nos rodesi na vida.
  9. 17.                   Acha que o fado já não é ligado à vida boémia como era antigamente? Teria que falar do que era a “boémia” do antigamente e a “boémia” de hoje.
  10. 18.                   Como acha que os não-fadistas olham para o fado? Acha que dão valor em Portugal e que se ouve fado? Goste-se ou não,  o que conta hoje é que está a dar… e muito do que para aí se canta nada tem de fado. Até é chique! E quem cria os ídolos são os “lobbies”, mas decerto há quem não suporte ouvir Fado.
  11. 19.                   O que acha ter de fadista tradicional e fadista de nova era? Não sei responder, ainda estou a definir o contraste tradicional/nova era. Mas uma coisa eu sei, que no inicio o Fados não tinha profissionais, eram amadores, cantavam por gosto e paixão.
  12. 20.                   Acredita na introdução de outras sonoridades, músicas populares de outros lugares? Tudo deve evoluir, mas com harmonia e senso. Mas todos os géneros musicais podem ter improvisos, mas o inicial/verdadeiro, será sempre o autêntico.
  13. 21.                   E acredita na introdução de novos instrumentos além das guitarras no fado? Porque não, mas já não é Fado, são derivados.
  14. 22.                   O fado faz grande parte do seu dia-a-dia? Na escrita e na análise da palavra “Fado” como conceito de .. Fado = vida= destino= etc.. É Um Estado de Alma.
  15. 23.                   Quando ouve algum fado, o que lhe faz gostar/não gostar dele? Tem muito a ver com a sonoridade,  o que os versos dizem,  com o poema, com a dicção, a interpretação e o falar bem português e acima de tudo perceber bem as palavras, senão é uma "estopada".
  16. 24.                   Como fadista, tem manhas para cantar, truques com a voz, etc? Quais? Não
  17. 25.                   Que tipos de locais frequenta no seu dia-a-dia? De Fado nenhuns, vivo numa vila que não tem  nada para frequentar.
  18. 26.                   Há inimigos dentro do fado? Se há…Eu que o diga, hoje só conta o protagonismo e os "lobbies", não esquecendo os lambe-botas.
  19. 27.                   Como define o fado que se produz hoje? Perdeu-se características do fado de antigamente ou ganhou-se? Ganham dinheiro., mas a popularidade de muitos é efémera… ando a analisar  para escrever  sobre esse fenómeno, mais de 80% não é Fado é um produto que se vende porque está na moda, mas um poema de Fado tem que ter uma "história" um sentimento, e há regras nas métricas, quer seja em quadras, sextilhas, quintilhas ou decassílabos.
  20. 28.                   Na sua opinião, o que canta o fado? A Vida, o Fado é vida, é destino, é UM ESTADE DE ALMA.
  21. 29.                   Como é para si um bom cantador de fado?  Conheço, grandes fadistas, que nem são conhecidos, não fazem parte do “lobbie” , mas um bom cantador é aquele que canta com sentimento,   que consegue colocar a sua voz harmoniosamente no meio do som dos instrumentos.
  22. 30.                   Reconhece a sua vida no cantar de outros fadistas? Há decerto uma influencia do meu avô, no cantar e dizer os versos, mas os gestos são do meu pai.
  23. 31.                   Sente-se numa vida à parte enquanto fadista, do  que as outras pessoas comuns que não vivem de nem e  para o fado? Nunca pensei nisso, mas vou pensar sobre esta questão pertinente...
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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, assim como registo na Sociedade Portuguesa de Autores, sócio nº 125820, e Alfredo Marceneiro é registado como marca nacional no INIP, n.º 495150.
Viva Lisboa: Fado Estado de Alma
publicado por Vítor Marceneiro às 14:08
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2 comentários:
De ernestoazevedo a 9 de Junho de 2014 às 11:06
Maravilhoso amigo isto é vida isto é fado
De Vitor Manoel de Carvalho a 22 de Novembro de 2014 às 00:31
Eu gosto muito de Fado, também Blues e Jazz.Detesto o flamenco.Acho que é uma género musical demasiado violento para o meu gosto.

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